Batista Jerónimo
Carta Aberta ao Senhor Primeiro Ministro
Carta Aberta ao Senhor Primeiro Ministro a)
Senhor Primeiro Ministro,
Que as televisões, façam programas sobre interioridade em Vila Real, sem a presença do Presidente Câmara de Bragança e este não tenha mostrado a seu descontentamento, não compreendo nem aceito. Que V.Exª, no seu périplo na região não visite Bragança, condeno a sua decisão e não a entendo. No futuro, leve em atenção que as duas capitais de Distrito, Bragança e Vila Real, pouco têm em comum, pelo que é natural que Bragança, procure outras ligações, quiçá com as mesmas afinidades, preocupações e interesses. Tenho para mim, que Vila Real também já as procurou, ou lhe vieram bater à porta.
Senhor Primeiro Ministro, o Distrito de Bragança de gente honesta, trabalhadora e pacífica, não pode, nem deve, ser confundida com a de gente satisfeita e acomodada.
Bragança Concelho e Capital de Distrito, por razões administrativas, agora já não tão patentes, tem necessariamente de desempenhar o papel de liderança e de âncora da região e resistir à tentação de não contribuir para o êxodo dos outros concelhos, mas de os ajudar a alavancarem a sua própria sustentabilidade.
Cada concelho tem dinâmicas particulares, que se trabalhadas como um tudo, vão ser potenciadas e atingir outros públicos, aqui, a Comunidade Intermunicipal das Terras de Trás-os-Montes (CIM-TTM), tem de assumir, também ela, a razão da sua criação.
No nosso entender, teremos duas oportunidades ou desafios a desenvolver, que se complementam uma na outra:
- Aproveitar as sinergias do distrito, sustentadas no interesse comum dos concelhos, na sua diversidade e complementaridade;
- Cativar (se ainda não existe) o interesse dos “nuestros hermanos” para passar a incrementar projectos transfronteiriços.
No seguimento, destas novas (já velhas) oportunidades, está seguramente, a anulação da fonteira virtual. Juntos temos de ganhar escala em vários domínios. Temos de ter a capacidade de nos unirmos para nos afirmamos na Europa e no Mundo.
Os autarcas responsáveis, (e não os responsáveis autarcas), têm o talento de se descentrarem do seu concelho e aceitar que a união faz a força. Neste caso o desenvolvimento sustentado, pela correlação e não pela competição.
Bragança Concelho, por exemplo, está suportada fundamentalmente em cinco organizações, Instituto Politécnico de Bragança (IPB), Faurécia, Centro Hospitalar do Nordeste (CHN), Câmara Municipal de Bragança (CMB) e da Santa Casa da Misericórdia de Bragança, em que as três últimas, em grande parte, dependem da dinâmica das duas primeiras. Estamos de acordo que é uma base de sustentabilidade pouco robusta. Acresce que só uma, destas organizações, é privada. Os outros concelhos estão numa situação, que nem pode ser comparada com Bragança.
Bragança Cidade, tem perdido ano após ano habitantes, seria um êxodo bíblico, se não estivesse a acomodar habitantes de outros concelhos e das freguesias do próprio concelho. E, não é isso que se pretende, pretende-se que toda a região venha a ganhar.
Senhor Primeiro Ministro, com esta missiva, não pretendo reivindicar por reivindicar. Em nome deste Distrito, trago-lhe a oportunidade de se tornar um Estadista, de ficar ligado a esta terra, a esta gente, como ficaram alguns dos que o precederam na chefia do Governo. Bragança Distrito, o que tem, e não tem o que merece, ao PS em parte o deve. Desde a Auto-Estrada Transmontana, IC5, IP2, Pólis, URBCOM. PROCOM, Centros de Saúde (alguns), melhorias fundamentais no CHN e IPB, Teatro Municipal, Pousada da Juventude, Quartel da PSP, Edifício da Segurança Social, Barragem do Baixo-Sabor e Tua, entre outras. Com o seu e nosso governo, para V. Exa ser pertença de facto e honrosa da nossa comunidade, bastava-nos de momento estas obras estruturantes:
- Construir uma barragem a montante da do Azibo, para abastecimento público e regular os níveis de água da actual. Esta ficar para fins turísticos, agrícolas e claro SOS incêndios b).
- Dotar dos meios necessários o Complexo Agro-industrial do Cachão. Deixa de ser um encargo de duas câmaras (Mirandela e Vila Flor) e passar a motor de desenvolvimento e sustentabilidade da agricultura transmontana.
- Ligação à Puebla de Sanabria (35Km), em perfil de auto-estrada. Alocar 40 Milhões de euros dos 200 Milhões euros, do Portugal 2030, para ligações transfronteiriças c).
- Construção do Aeroporto Internacional do Interior, de passageiros e cargas, em alternativa e complementaridade ao do Porto e não só d).
- Ligações: - do IC5 a Espanha; Bragança – Vinhais – Chaves; e Bragança – Vimioso.
Como pode ver, não pedimos muito, para sermos contemplados com poucochinho. Exigimos o que temos direito e ajudamo-lo a fazer jus à sua narrativa: – “temos de olhar para o interior”; - “temos de adoptar políticas discricionárias com o interior”; “combater as assimetrias”; - “temos de ter um país a uma só velocidade” e outras frases poderia ir buscar.
Torna-se imperioso, que os órgãos políticos (Governo e Autarquias), cumpram cada um, o seu desígnio, e não culpem o outro por ineficácia própria. As autarquias não podem estar à espera da esmola do primeiro. Não se podem por no lugar de freguesia em relação à Câmara e justificarem a sua apatia, a falta de ideias e incompetência com o Governo. Têm de esgotar as suas capacidades e valerem-se da sua autonomia em apresentar bons projectos individuais, pela CIM-TTM, ou ainda pela criação de Associação de Municípios. Para apresentar ao Governo, ao QREN, ao Plano de Acção Eixo Atlântico e/ou outros. Se cada um dos Órgãos cumprir com a sua parte, faremos dois em um, deixamos de criar um problema (sobre-populacional) ao litoral e (sub-populacional) ao interior. O País ficará mais proporcionado.
Saudações Bragançanas
Notas:
- Tinha previsto, esta intervenção quando o Primeiro-ministro visitou a região e reuniu em Vila Real.
- Seria estruturante para a região e para o País. No momento o investimento com o melhor ROI – “return on investment”. Com criação efectiva de emprego estimado entre directo e indirecto superior a 10 000. Nos primeiros cinco anos pode vir a ser o maior complexo turístico com parque de diversão da Europa.
- Vai-nos Permitir o acesso à Europa pela rede viária (Rias-Baixas) e AVE.
- O Aeródromo deve manter-se, destruir para construir, não é boa gestão pública.
Baptista Jerónimo