Começando a segunda fase desta jornada
Domingo e finalmente é um dia para eu poder correr as ruas da cidade novamente…
O destino pensado acabou por não ser o destino final… Mas a decisão de conhecer algo novo estava tomada e levei isso até ao fim ( irei escrever sobre isso mais à frente).
De regresso a casa, e uma vez que estava perto de Chaoyang Park, decidi caminhar um pouco até ao Central Park Plaza…
Só, mais tarde, ao chegar a casa reparei que tinha voltado exatamente seis meses depois…
Este espaço para mim é realmente o meu favorito aqui em Pequim…
Primeiro vamos separar as coisas. O lugar de preferência para um serão calmo e de descanso é o 北京 SKP. O 北京 SKP é um sítio de paragem e de estar que realmente adoro, seja por ser uma praça arejada, pela arquitetura e pelos bons momentos que passo na esplanada do Costa Café a ler um livro com a micro praça pública-privada da Emporio Armani como fundo…
No fundo, tudo se resume à arquitectura…
O Central Park Plaza, também é pela sua arquitectura, embora com vivências diferentes.
O edifício do Atelier MAD, para mim é um dos edifícios que mais me fica no olho, fazendo a diferença no skyline de toda a cidade. A sua presença no skyline de Beijing, torna-o num dos dez melhores edifícios que marcam o céu de uma cidade pelo site Deezeen.
Uma representação da montanha no meio da cidade… O respirar fresco no meio da metrópole que Pequim é… E talvez, o meu inconsciente me leve a acreditar que tenho aqui a metáfora da minha terra natal, uma cidade rodeada de montanhas numa das regiões mais montanhosas do país… Não fosse a sua região ser chamada de “Trás-os-montes”…
Talvez seja o inconsciente ou apenas uma interpretação minha para realmente perceber o que me traz sempre aqui…
Quando tomei a decisão de vir para cá e ao mesmo tempo criar o blog, a presença da arquitectura da cidade era inevitável e tinha que estar presente, até porque é o principal motivo que aqui me trouxe e aqui me mantém, não só para crescer como pessoa mas, profissionalmente, como arquitecta…
E assim sem dar conta, estou a entrar na segunda etapa desta jornada… De um ano, meio ano já passou e à meio ano que estou aqui a trabalhar….
Sinto que já fiz muita coisa mas ao mesmo tempo parece que nada fiz e ainda tenho muito a fazer…
Trabalhar aqui não é fácil, e todos repetem a mesma frase com toda a certeza… Trabalhar com chineses não é fácil e é diferente de tudo o que possamos estar habituados. A própria cidade e cultura é diferente…
Uma coisa temos que perceber, muitos não estão aqui porque amam a China, mas sim porque não conseguem trabalhar no seu país ou apenas estão aqui para ganhar dinheiro. A verdade é que não importa quantos anos estejamos aqui ou o quão bem falemos chinês, ou até mesmo conseguir a quase impossível tarefa de ter cidadania chinesa, seremos sempre estrangeiros.
O nosso corpo, o formato do crânio, nariz, rosto, olhos, cabelo e até mesmo orelhas, mãos e unhas serão sempre diferentes…
Eu acabei por vir para um sítio onde o meu rosto é totalmente o oposto dos chineses… E por isso muitos deles dizem que não é um rosto que se esqueça… Sempre que me dizem isto, até me assusto…
Meio ano depois sinto a mudança em mim, seja pela idade ou pela cidade ou pelos dois juntos acompanhados pela vivência do dia-a-dia. Não só estou mais velha, mas mais matura, a que por norma lhe chamo “a minha mania de me achar sábia”…
Estou a começar a segunda fase, procurando cada dia mais e melhor, para que nunca mais me sinta infeliz, perdida ou insatisfeita… Hoje livre-me de fantasmas do passado que só me impediam de sonhar e viver… Hoje com a “minha mania de me achar sábia” olho apenas para o agora, sabendo que o caminho é para a frente…
Hoje sinto-me imparável e mais que isso, completa numa constante procura…
O que vem é responsabilidade minha, assim como as minhas decisões e as suas consequências… Hoje quero continuar feliz aqui, amanhã não sei… Apenas seguirei o caminho passo-a-passo.
Pequim, Ana Carmo