Luis Ferreira

Luis Ferreira

Corrida de barreiras

Seja qual for a corrida, quem a inicia tem em mente um só objectivo: vencer. Há vários tipos de corridas dentro do desporto olímpico. Umas são curtas, outras mais compridas, outras ainda de fundo. Qualquer uma tem as suas dificuldades e estas tornam-se mais complicadas à medida que a corrida se alonga. A verdade é que pelo caminho muitos são os obstáculos a ultrapassar.
Iniciou-se agora uma das corridas mais complicadas que existe e que tem uma vertente que não é comum a todo o tipo de corridas. Não há um vencedor solitário. São muitos os que conseguem ganhar a corrida e ela só é ganha quando se chega à meta e nem todos conseguem lá chegar. A corrida das eleições europeias é complicada, difícil e temerosa. E se alguns pensam que é tudo facilidades, desenganem-se porque não é.
Na partida perfilam-se vários candidatos que pertencem a vários clubes, mas quem chega à meta são somente alguns dos candidatos, porque a grande maioria dos que se alinham à partida, sabe que nunca chegarão à linha de meta. Resta ao clube, entenda-se partido, conseguir ter um ou dois atletas em boa posição para chegar ao final.
A verdade é que esta corrida é uma corrida com barreiras. A pista não é limpa de obstáculos. Tem muitas barreiras e não estão à mesma distância umas das outras e nem sequer à mesma altura, o que dificulta imenso a corrida em si. Logo à partida, a primeira barreira é a presença de outros candidatos adversários que querem chegar à meta ao mesmo tempo. Depois é uma enormidade de barreiras que se posicionam em todo o percurso europeu e se alguma coisa pode ser uma barreira enorme ela é certamente a própria Europa tal como a que justifica a própria corrida.
Num momento em que se abate uma crise no espaço europeu e principalmente no território nacional, que nos obriga a pagar pelos erros de outros e estar sujeitos aos ditames da Europa e dos seus grupos financeiros, que maior obstáculo poderíamos querer nesta corrida desenfreada? Outro obstáculo é, por exemplo a existência de uma coligação entre clubes diferentes e que têm a mesma ambição, mas que sabem que cada um irá ocupar uma posição diferente no final da corrida.
A coligação entre o PSD e o CDS para esta corrida europeia está ferida de algumas barreiras óbvias que se prendem com as diferenças naturais da essência partidária e também com a ambição subjacente a cada um dos partidos em causa. Se outras não existissem, estas barreiras eram, por si só, suficientes para dificultar a corrida.
Não basta aparecerem em palco os primeiros candidatos de cada partido, mesmo que tal apresentação tenha a presença, se calhar um pouco inconveniente, do próprio presidente do PSD. Claro que se entende que, perante sondagens que dão a vitória ao PS, o líder do PSD queira dar uma força extra aos candidatos em contenda. Contudo, as cartas estão lançadas e ganhará a corrida quem aguentar até ao final e ultrapassar todas as barreiras que encontrar ao longo de toda a pista. Uma coisa é certa: o PS parte com vantagem e não vai desmarcar dos adversários até porque quer demonstrar aos portugueses e especialmente ao governo, que tem razões para pedir uma mudança quando chegarem as legislativas. A vitória será uma guia de marcha para uma nova corrida. Será a primeira eliminatória ganha. E vai estar pronto e preparado para a segunda corrida.
Muito embora Passos Coelho diga que esta corrida nada tem a ver com as legislativas de 2015, o certo é que esta faz tremer, pois os seus resultados serão uma amostragem do que pode ser o resultado das próximas legislativas. Não adianta muito Passos Coelho dizer que quanto às legislativas ainda nada está feito, porque o que há para fazer é uma barreira tão grande que não sei se conseguirão ultrapassá-la. É bastante mais alta do que a que está colocada na corrida europeia, porque esta condiciona aquela e os portugueses ainda não sentiram diferenças favoráveis que possam condicionar as suas atuações futuras.
O melhor é começarem a pensar nos portugueses, porque eles são uma das maiores barreiras a ultrapassar.


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