João Gabriel Martins
Cortar fitas, não apaga a memória dos transmontanos!
O troço Vila Real – Amarante da Autoestrada A4 foi inaugurado o mês passado em ambos os sentidos. As fitas foram cortadas no novo túnel, com a presença de algumas personalidades que devem pensar que todos os transmontanos sofrem de alzheimer! Nunca é de mais esclarecer o leitor, sobre quem desbloqueou a obra: o governo PSD/CDS.
Este governo, então liderado por Pedro Passos Coelho, desbloqueou a obra, "provocou" também uma poupança significativa de quase mil milhões ao seu valor global e deixou a obra paga, com o recurso aos fundos comunitários. Os “cortadores de fitas” parecem querer também, queimar outras fitas de “medidas inauguradas” anteriormente, mas durante a restante leitura vão perceber do que falo.
Enquanto líder de uma jovem estrutura partidária, de um distrito de baixa densidade populacional, vejo com bons olhos certas políticas do anterior governo, que insistiu em eliminar algumas assimetrias existentes neste desnivelado País. A existência dessa vontade esteve mais do que expressa e o trabalho prático sobre ela, terá que ser contínuo e bem que poderá ser alargado a outras áreas, cabendo não só ao PSD, a obrigação de o continuar a propor na Assembleia da República.
Os tempos em que as políticas estratégicas para o interior do país, eram apenas definidas em Lisboa, com base em estatísticas (e que resultavam em projetos-lei desenhados com régua e esquadro), não resultam mais! Só com um conhecimento em detalhe, da realidade económico-social destes territórios, se podem criar novas estratégias e adaptar as já existentes em benefício do interior e por conseguinte, do nosso país.
Em nome da JSD Distrital de Vila Real, gostaria de vos deixar para reflexão alguns bons exemplos, criados na anterior legislatura, de matérias aplicadas em territórios de baixa densidade:
- No ensino superior, as bolsas “+ Superior” que são atribuídas a quem vá estudar do "litoral para interior";
- Na saúde, os incentivos existentes para os médicos que se candidatam a hospitais localizados no interior (honorários e outras regalias);
- No âmbito social, os projetos de voluntariado, entre outros os do programa “Erasmus +”, também são beneficiados com pontuação extra se forem realizados no interior, ou seja, zonas em que existem poucas candidaturas, por forma a ficarem bem colocados para serem aprovados.
São apenas algumas áreas exemplo, onde existem credíveis majorações e o seu resultado tem sido positivo. Medidas que, isoladamente, não são a solução, mas se somarmos cada uma delas e se fossemos capazes de acrescentar outras medidas complementares (de outras áreas de actuação), teríamos, por certo, condições mais favoráveis ao rejuvenescimento e promoção de fixação populacional dos territórios de baixa densidade.
Medidas estratégicas estas, que já mereceram a atenção da JSD Distrital de Vila Real, aquando da apresentação da moção “Empreendedorismo Jovem em Territórios de Baixa Densidade”, no último congresso nacional da JSD.
Como transmontanos,somos os primeiros a exigir ao governo central para não se esquecer de quem está mais longe, mas também, teremos que ser nós próprios, os primeiros a levantar a bandeira quando isso acontece. A título de exemplo, refiro a decisão do anterior governo de localizar em Vila Real, a sede das Águas Norte de Portugal e a respetiva racionalização da tarifa da água.
Reforma esta, que fez tanta confusão a muitos municípios do litoral norte, (tendo alguns deles avançado para vias judiciais, por forma a atrasar a mesma), mas que por outro lado agradou à maioria dos municípios do interior norte, inclusive a muitos municípios socialistas, que é algo que devemos realçar.
Esta foi uma boa resposta à longa batalha de municípios do interior, na qual o anterior Governo de Portugal não se limitou a assobiar para o lado. A sua tomada de posição, revelou que esteve inteiramente preocupado em eliminar assimetrias regionais, sem olhar a estatísticas económicas e sociais. Tal atitude, fez com que uma justiça social clara se sobreponha, visto que traria racionalidade de tarifas, eliminando mais uma assimetria entre territórios de baixa densidade e os de alta, transparecendo a todo Portugal, que não só de políticas de incentivo e majoração deve estar dependente a população do interior.
Ao atual governo apenas lhe reconhecemos uma estratégica política de regressão das medidas feitas pelo anterior governo, como se fosse possível ter sido tudo mal feito. Os transmontanos ainda não perceberam qual é a sua estratégia para eliminar assimetrias regionais, mas “cortar fitas” não é certamente! Aliás, algumas “fitas” das boas medidas do anterior governo, que ainda agora referi, estão a ser literalmente queimadas, ou então esquecidas, por este governo socialista apoiado pelos restantes partidos de esquerda.
Os transmontanos além de boa memória, tem algo mais que os carateriza: não é fácil “passar-lhes a perna”! Por cá, já todos se perceberam, que este instável governo não está preocupado em fazer uma legislatura reformista, mas sim pôr em prática a melhor pré-campanha eleitoral, com inauguração aqui, cortar a fita acolá, etc… Nas últimas eleições legislativas, apesar dos tempos de austeridade por quais todos passamos, os resultados por cá distinguiram, maioritariamente, “quem nos tem feito bem, de quem não nos quer assim tão bem”.
O atual primeiro-ministro sabe disso e sabe que não é só por cá, ou não estivesse o PS a esta altura baralhado, sobre qual será a melhor data para antecipar as eleições legislativas, se antes ou depois das autárquicas 2017.
Enfim… Para meu espanto, afinal não é só em Vila Real, pois esta geringonça governativa, liderada pelo dr. António Costa, também só quer dar o seu melhor nas Festas, nos Foguetes e no Facebook! “Rica geringonça”!
Votou nela? Pois eu, também não!