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De heróis históricos e outros (2 livros de João Morgado)

Retrato de chrys
Chrys Chrystello

De heróis históricos e outros (2 livros de João Morgado)

Crónica 171 de heróis históricos e outros (2 livros de João Morgado) 30/6/17

Já li muito mais do que leio hoje, o tempo cada vez foge mais depressa dos meus pés à medida que a quarta idade da vida se aproxima. Igualmente devo assinalar para que conste que nunca, como agora, me acontece começar a ler um livro e deixá-lo de parte sem pachorra para assistir ao seu lento desenrolar.

É curioso como há mesmo factos novos que a idade inventa para nos alterar percursos antigos. Dantes lia os livros todos até ao fim, mesmo que não gostasse deles. Hoje – talvez devido ao menos tempo que tenho disponível para ler – ou um livro me cativa nas primeiras (digamos) trinta páginas ou está condenado a servir de oferta a uma pessoa de quem eu não goste muito.

Há autores que não conheço e que a medo começo a explorar nos livros que leio. Foi o caso de João Morgado autor premiado que se juntou aos colóquios da lusofonia em Belmonte. Não sabia o que esperar nem sabia ao que ia quando me debrucei no Diário dos Imperfeitos que era citado como sendo uma viagem à intimidade das pessoas de uma pessoa enclausurada nas emoções sequestradas  e cito da publicidade da editora Casa das Letras (Leya)

Diário dos Imperfeitos é uma viagem à intimidade das pessoas. Vítima de um acidente, a Gaivota é uma mulher que precisa de redescobrir todas as emoções sequestradas dentro de si. Ao mesmo tempo, reaprende a conhecer o seu corpo – uma aventura refreada pela moral, pela sombra do pecado e pelo medo que pode levar à própria insanidade. Uma luta interior entre o bem e o mal, que leva a uma inevitável conclusão: todas as pessoas são imperfeitas!

Como irá reagir de novo à sua realidade? Voltará a ser quem era? E os que estão a seu lado, como vão sobreviver a esta viagem?

Uma escrita intimista, que procura descortinar os sentidos e as emoções dos diferentes personagens. Do prazer mais carnal ao amor puro, passando pela falsa moral da sociedade e da religião. Pelo meio, a filosofia simples de duas personagens inusitadas – a mulher que lê pensamentos e um pintor de sóis na parede. São eles que levam o narrador a perceber os sentimentos da «Gaivota» e nos ajudam a refletir sobre temas tão controversos como o amor, o desejo, o sentimento de culpa ou o próprio nojo.

 

Isto pouco ou nada me dizia do que iria encontrar: não me falava do pintor que pintava cores dando vida ao cinzentismo dos dias nem da mulher que limpa a casa e os pensamentos e assim embarquei na história dentro da história como se começa a perceber nos últimos 4/5 do livro sem jamais se saber como vai terminar esta história de amores imperfeitos e de emoções em conflito. Não adianto mais sobre a trama mas segui com atenção à mulher amada/desejada/descartada e mais tarde regressada (nunca se deve regressar ao ligar ou à pessoa com quem se foi feliz?), histórias de amor, encontros, desencontros, sociedades herméticas bem típicas da região onde o autor nasceu no interior mais profundo da Cova das Beiras. História da fuga para a cidade de vícios e pecados em contraste com a pureza e religiosidade falsas e aparentes desse interior. Histórias de vida que se desenrolam lentamente como se se a cada dia se descobrisse mais uma chave secreta para a imperfeição do amor e dos amados. E mais não digo desta empolgante história ou das histórias dentro desta história que nos enleia e mantém presos, também nós atores da mesma torcendo por uma ou outra personagem contra a corrente da própria dinâmica do conteúdo, pois o novelo não se desenrola como esperamos e antecipamos, antes depende das cores que o pintor pinta e das limpezas da mulher que nos limpa a casa e os pensamentos.

 

Depois de ter lido este mergulhei com redobrado interesse em Vera Cruz a história do Cabral que andou a descobrir Brasis.

Se surpreendido ficara com a qualidade da trama e a desenvoltura da escrita no Diário dos Imperfeitos nem sei que diga deste empolgante livro de ficção histórica (o autor chama-lhe história romanceada) em que o editor (Clube do Autor) propala ser

O novo romance de João Morgado, autor já com vasta obra publicada, centra-se na vida desconhecida de Pedro Álvares Cabral e numa época tão gloriosa quanto distante. Trata-se de um livro que facilmente ambiente o leitor no período áureo da nossa História no qual (re)descobrimos viagens acidentadas, jogos de sombras e traições, na Índia e no reino de Portugal, rivalidades e intrigas. E também um Pedro Álvares Cabral capaz intrépido e valente, por vezes desiludido e arrependido.

 Vou ser breve, este livro empolgou-me três dias seguidos e só parei quando o acabei de ler. Pode não ser a versão mais real dos factos apresentados mas segue um rigor histórico apenas entrecortado por duas personagens ficcionadas e revela bem o que poderia ter sido a verdadeira história por detrás do descobrimento do Brasil, a ambição desmesurada desse rei a que chamam de venturoso. Vale a pena ler e meditar. Para muitos a sacanice do Gama (esse Vasco corsário que autores como Sanjay Subrahmanyam haviam escalpelizado de forma bem mais negativa) é aqui explicada de forma mais lógica e racional, em especial a sua segunda ida a Calecut na expedição da Armada da Vingança.

A história muda consoante os tempos e os autores , e a história de Portugal sai daqui menos mítica mas mais humana.

Gama aparece aqui não como o mítico herói que a história criou em lendas e contarelos mas como o homem mau que era, enquanto Cabral surge como o verdadeiro humanista ao serviço de princípios cristãos. A descrição de Pero Vaz de Caminha do seu encontro com nativos do Brasil é um marco na história das descobertas inigualado. A brutalidade das conquistas portuguesas com cortes de cabeças, orelhas e outras realidades típicas da época amostram a violência das descobertas sem tirar brilho à epopeia das mesmas, e mostram um Cabral em conflito interno com os ensinamentos da Ordem de Cristo e a fama que granjeara como cavaleiro. Por isso e por outras razões que não convêm a uma história de epopeias como a portuguesa, Cabral é hoje é  - ainda hoje – o menos falado e mais esquecido dos grandes homens dessa época, e este livro irá repô-lo no panteão daqueles que merecem lá estar. Uma bela biografia de Pedro Álvares Cabral, um homem renascentista bem maior do que a época em que viveu e a quem o Brasil muito deve. Uma obra imprescindível para os que gostam de aprender história (mesmo romanceada e os romances de João Morgado são bons novelos tecidos para nos enlearem do início ao fim do livro). Por tudo isto sinto-me privilegiado nos Colóquios da Lusofonia em termos aceite este novo associado que é um extraordinário autor a merecer que eu complete a leitura das suas outras obras.

 

Uma última observação, a feliz profusão de notas de rodapé que ajuda a complementar factos históricos e dados quem nem todos devem assumir como conhecidos dos iletrados atuais.

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