Batista Jerónimo
De onde provêm os políticos
À pergunta, gostavas de ser político, o que respondias?
A generalidade, numa resposta espontânea responde: não.
Porquê?
Ganha-se pouco, não quero ver a minha vida e da família devassada, insultada e não quero conviver com esse tipo de gente.
Que tipo de gente?
Mal formada, interesseiros, sem limites, corruptos, estão sempre contra e raramente a favor, não respeitam a política nem os seus nobres propósitos.
Na vida real, nunca assistimos à ausência de candidatos aos vários órgãos autárquicos, legislativos e lugares políticos, dos principais partidos. De onde provêm, então os políticos?
Eu, que já ando nisto da política e política partidária há alguns dias, diria que provêm de três segmentos da sociedade e com objectivos bem diferentes.
- Desde logo os “carreiristas”, jovens que se perdem nos partidos à espera de um futuro promissor, que dificilmente chega e nunca chega a todos. Geralmente, ficam com poucos estudos e sem preparação para enfrentar as adversidades do mercado de trabalho, “agarram-se” a migalhas e dificilmente conseguem viver fora do sistema partidário.
- Os manipulados, seja por um grupo formal ou informal, organização, “lobby” ou por uma única pessoa. São os mais perigosos. Geralmente têm uma carreira profissional aquém das suas ambições ilegítimas, o seu rendimento proveniente da sua actividade é baixo, são de uma ambição sem limites, submissos e subservientes até conseguirem os seus intentos e depois de conquistar o poder tornam-se déspotas, manipuladores, medrosos e arrogantes, proveniente da sua incompetência.
- Os Filantropos, indivíduos geralmente bem-sucedidos nas suas profissões, reconhecidos na sociedade pela sua competência, honestidade e que são aliciados a dar o seu contributo à sociedade, à sua região e ao seu concelho. Normalmente, quando a desempenhar cargos que por convite ou se candidatam, não têm melhoria de rendimento. Despertam ódios no primeiro e no segundo grupo, pela percepção de que estes poderão afastá-los das suas indevidas aspirações e amores à população em geral.
Teríamos então o padrão dos políticos, que para os eleitores depois de identificados, não subsistiriam dúvidas em quem recairia a escolha. E, assim seria, se o segundo grupo não funcionasse em TEIA. Os grupos e organizações, mesmo sabendo das qualidades dos indivíduos que põem no poder, mal preparados e traiçoeiros, interessam-lhe, pois estes, alimentam-se da má formação, da incompetência, ganancia e fundamentalmente da acefalia que chega a estar presente nestes indivíduos sedentos e detentores de um falso poder, de disponibilizar e deter lugares, que em democracia são sempre efémeros.
Combater esta TEIA, leva anos, mas é necessário: primeiro combater a iliteracia. Se tomarmos como exemplo os países mais desenvolvidos, democracias mais maduras, não assistimos a este “asfixiamento” manipulador dos oportunistas e parasitas que connosco, convivem a sorrir, a beijocar e que em simultâneo nos roubam e desbaratam o erário público em proveito próprio e da teia.
Em segundo lugar, enquanto a escola, em sentido lato, não apresenta resultados, os órgãos de informação seriam quem mais informação e formação poderiam disseminar, mas infelizmente, também estes (nem todos) não são de confiança, porque ao contrário de alguns Países, onde informam quem e qual é o seu interesse próprio e por aquilo que se orientam, no nosso País, a coberto da independência e liberdade, defendem a sua subsistência, que lhe chega através de subsídios e publicidade.
A democracia em Portugal caminha a passos muitíssimo lentos, mas segue o seu rumo e hoje já está muito melhor que há uns anos.
Estamos obrigados, por nós e pelas gerações vindouras a tudo fazermos para não interromper este caminhar e podendo-o acelerar tanto melhor.
Nota: Rendo-me e presto homenagem aos muitos políticos, que não se incluem no grupo 1 e 2. Porque efectivamente não são todos iguais. É a má consequência da generalização.
Bragança, 19/12/2019
Baptista Jerónimo