Chrys Chrystello

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Democracia e cidadãos

Democracia e cidadãos

   

 

De quatro em quatro anos, ou quando acontecem eleições todos os políticos de todos os quadrantes se mostram vocalmente preocupados com a abstenção que sobre exponencialmente em cada ato eleitoral. Antes das eleições os partidos tratam os cidadãos como se eles vivessem na idade da pedra, prometendo coisas que – sabe, de antemão – dificilmente irão cumprir. Descem aos povoados, mercados, feiras, beijam peixeiras, bebés e tudo e todos que encontram convencidos de que estão a ser muito bem aceites. Dantes, após o 25 abril ofereciam esferográficas e outra parafernália como “recuerdo”, agora incluem orçamentos participativos onde os eleitores sugerem os seus planos e pensam os políticos que assim se cumpre a democracia e que assim estão a ouvir a voz do povo, mas depois do ato eleitoral, promessas esquecidas, projetos alterados consoante os lóbis e as forças de pressão a que todos os políticos estão sujeitos se quiserem ser reeleitos afastam-nos mais e mais dos eleitores.

As camadas mais jovens criadas numa era cibernética que nada tem a ver com a forma como ainda se faz política, liga os seus fones, de olhos colados aos seus smartphones e segue em frente, muitas vezes dando votações magníficas aos populistas e outras forças oportunistas, xenófobas, racistas, anti-imigração, mas que parecem responder aos seus sentimentos básicos de insegurança pelo futuro.

Sabermos bem que apesar da enorme facilidade de acesso à informação, esta se encontra inundada por fake news e por outras falsidades, e uma mentira contada mil vezes acaba por ser aceite como verdade, cono as camadas mais jovens não tiveram um ensino que privilegiasse a capacidade e o pensamento crítico, são incapazes de questionar-se sobre essas doses maciças de informação e falsa informação que lhes chega, desde mensagens subliminares na publicidade, a filmes e outras formas de comunicação. Acabam assim, mais facilmente manipulados do que alguma vez imaginam. O mesmo se passa com os mais idosos, com os que têm menos cultura política, os que vivem de telenovelas e casas dos segredos, os que estão totalmente alienados pelo futebol e sabem mais de cada jogador do que alguma vez saberão sobre os seus direitos e deveres cívicos.

E, claro que em nada ajudam as revelações, quase diárias de arguidos em casos e mais casos de corrupção, cuja maioria acaba em “águas de bacalhau”, pois muito poucos são os que são condenados ou cumprem penas efetivas, levantando dúvidas sobre as investigações e , posteriormente, sobre os juízes. Nada disto ajuda, mas daqui  a uns anos teremos percentagens ainda menores de leitores, quando os eleitos tiverem apenas os votos das suas máquinas partidárias e o povo foi á bola ou à praia…

 

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Para o Diário dos Açores, Diário de Trás-os-Montes e Tribuna das Ilhas

Chrys Chrystello, Jornalista,  [MEEA/AJA (Australian Journalists' Association – Membro Honorário Vitalício nº 297713,) carteira profissional AU3804]


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