Batista Jerónimo
Depois de a vindima vem o lavar dos cestos
O povo português, mostrou sabedoria ao premiar o PS pela governação (+ 124 395 votos que em 2015!), não confiando o suficiente, para lhe dar a ambicionada maioria absoluta, tudo leva a crer devido aos “casos” e à fraca prestação na campanha. Ao BE (- 57 391 votos) deixa-o com o poder necessário, para puxar a governação do PS à esquerda. O PCP/PEV (- 115 838 votos), é castigado, por ser surdo pois, tem vindo a ser alertado para a necessidade de substituir actores e narrativa. O PAN, virou moda, sem projecto e sem ideologia, consegue atrair parte dos votos do PCP/PEV e bastantes do BE. Portanto, o povo disse claramente, o PS que governe à esquerda e, se possível, com apoio parlamentar da Geringonça. O que não vai ser fácil, estes partidos não vão querer continuar a perder votos. Esperam-se noites longas de negociação em que o objectivo da estratégia não vai ser o ganho para Portugal mas, para os partidos envolvidos.
O PSD foi penalizado pela clivagem interna, bastantes “notáveis” a rezar para, o partido que tudo lhes deu, ter um péssimo resultado e assim poderem satisfazer aspirações pessoais. A juntar à ausência de honestidade política (nunca foi reconhecida as boas opções políticas do governo), também se convenceu que não necessitava de fazer propostas, que bastava esperar pela conjuntura externa. Já em campanha, depois de um bom início, na última semana agarrou-se em demasia ao “caso” Tancos. A acrescentar às perdas, soma-se o deixar de representar na AR os círculos eleitorais de Portalegre, Évora e Beja. Salientar que em Setúbal e Lisboa as perdas foram muito significativas. Caso para dizer que o homem do Norte foi rejeitado pelo Sul. Ou, será que a fidelidade do seu eleitorado, já não é o que era?
O CDS é um caso paradigmático, que em política como na vida, não basta dizer que sou contra porque sou contra. A sua líder nunca se dissociou da figura de ex-governante, a sua agressividade seria bem-vinda em propostas mas, terminada a campanha, não ficou uma ideia deste partido para o País.
A representação dos cidadãos na Assembleia da República aumenta, logo a democracia fica mais rica, vamos ter novos partidos com assento parlamentar, como o LIVRE, o CHEGA e a Iniciativa Liberal. Sobre os partidos que não conseguiram representação parlamentar, alguns têm de reflectir se representam alguém.
Sobre o círculo eleitoral de Bragança, O PS teve um mau desempenho: perdeu. Os resultados reflectem o estado em que o PS está no Distrito. As lutas pessoais sobrepõem-se ao interesse do partido, do País e fundamentalmente do Distrito. Vimos, nestas eleições um grupo de boas pessoas, militantes, confinados (por vontade própria?) numa facção a correr em pista emparedada, isolados, como que a mostrar que eram suficientes para ganhar e não partilhar a vitória. Estes militantes, disponíveis, trabalhadores, poucos, com propostas confusas para o distrito, vieram a ter um resultado condizente com o arranjo selectivo dos candidatos e com a distribuição geográfica. Cotejando os resultados no Distrito, em 2019 somando o PPD/PSD e CDS foi de 28 740 votos e para o PS 23 215, em 2015 o PPD/PSD e CDS concorreram juntos e arrecadaram – 34 408 e o PS – 23 718. O PS perdeu votos em relação a 2015 e o PPD/PSD ganhou as eleições perdendo muitos votos. Atente-se que o número de inscritos de 2015 para 2019 baixou em 5 929 eleitores e o número de votantes, baixou em 6 110. Parece uma fatalidade este contínuo abandono de jovens e os responsáveis políticos a assobiar para o lado.
Sobre os resultados globais no Distrito e do PS em particular, merecem uma análise mais profunda, prospectiva e providencial, que será feita a seu tempo.
Baptista Jerónimo