Henrique Ferreira
Donald Trump incendeia os EUA e o mundo
O novo Presidente dos EUA parece querer mudar a história dos últimos 70 anos e voltar ao período pré-II Guerra Mundial em que os povos procuravam a homogeneidade biológica, cultural e política.
Terminada a guerra, o Ocidente foi construindo, com base na física, na biologia e no culturalismo, os conceitos de incerteza, relativismo e pós-modernidade. E neles construiu a idea de convivência pacífica entre todos os povos e de miscigenação possível entre os indivíduos de diferentes origens.
Ao mesmo tempo, em economia, saltou-se dos proteccionismos nacionais para as economias de blocos de nações, de continentes e, até, intercontinentais. Construiu-se uma paz baseada na arbitragem dos conflitos.
Por mais razões que possam assitir a Trump e aos seus eleitores - e é necessário discuti-las -, o modus faciendi de Trump é inadequado e perigoso. É mais gerador de conflitos do que negociador de mudanças. É mais gerador de instabilidade do que de confiança. É próprio de um mundo já não de pós-modernidade mas de pós-verdade e de invenção das verdades, já agora, na linguagem de Trump, de verdades alternativas.
Não digo que não haja algumas razões que recomendem a revisão de algumas políticas actuais. Porém, a unilateralidade das decisões num mundo interdependente não augura nada de bom, nem para os EUA nem para o mundo mas quem sofrerá mais será a Europa, órfão da pós-modernidade e do pacifismo.
01-02-2017,
Henrique Ferreira