Alexandre Parafita
Douro Património Mundial da UNESCO… é só para inglês ver?
Uma boa parte da paisagem duriense, que a UNESCO tem classificada como Património Mundial, e que gera muitos milhões de lucros com o turismo, foi fustigada nos últimos dias por violentas trovoadas de chuva e granizo que destruíram vinhas, provocaram derrocadas de muros e movimentos de terras, sofrendo em especial os concelhos de Sabrosa e de Alijó, nos seus territórios mais próximos do rio Douro.
Nas suas vinhas, os agricultores deparam-se com as folhas esfarrapadas, galhos quebrados e bagos no chão, muros caídos e deslizamentos de terras. Ficaram feridas as vinhas, mas feridas maiores ficaram no ânimo dos agricultores, que vão agora ter de correr ceca e meca para tentarem assegurar os meios possíveis de subsistência.
É que, às vezes, tem-se a sensação de que o Douro é só esta paisagem, protegida pela UNESCO, que deslumbra os olhares para lisonja e delícia de quem o visita, esquecendo-se que, por detrás de cada cepa e de cada pedra, há rostos de gente que ainda sofre para sobreviver.