Henrique Ferreira
E a Catalunha ficou como desde há 18 anos
Se Mariano Rajoy esperava que as eleições sob o artigo 155 do Constituição Espanhola iriam demonstrar que os catalães são mais unionistas com Espanha do que independentistas autónomos, ficou a saber que estava enganado: os catalães continuam iguais a si próprios e profundamente divididos.
No meio da desgarça, Rajoy só tem um motivo para festejar: apesar de todas as derrotas houve uma grande vitória: os unionistas tiveram mais votos expressos nas urnas que os independentistas embora estes tenham tido mais mandatos na Assembleia Regional graças às distorções do Método de Hondt.
Rajoy conseguiu ainda proeza de provocar umas eleições em que houve candidatos presos e/ou exilados. Como se vai agora impedi-los ou não de exercerem o seu mandato, veremos.
Para estranjeiro ver, ficou tudo mais confuso na Catalunha mas como os catalães já se divertem com a situação, a Catalunha vai sobreviver e a Espanha também. Não fossem a União Europeia e o Euro, a Espanha teria um grande espinho cravado na garganta. Assim, trata-se de um problema interno resolúvel no médio prazo com maiores franjas de autonomia. É só o dinheiro dos impostos ou grande parte dele ficar em Barcelona como fica o da Madeira no Funchal e o dos Açores em Ponta Delgada.
De qualquer modo, talvez o Partido Ciudadanos, da recém-rimada Inés Arrimadas, possa dar um novo alento (e poesia) a Espanha e vir a disputar mesmo a hegemonia do Partido Popular, a nível nacional. Com a beleza desta candidata, a testosterona dos toureiros e homens de sangue azul espanhol pode fazer pender a balança hormonal para o Ciudadanos. Rajoy que vá cuidando do «look».