Acabou a maratona que opôs Costa e Seguro e que mobilizou toda a comunicação social, levando atrás de si, a atenção de todos nós, que à falta de outras novidades e acontecimentos relevantes, Tecnoforma à parte, fez dessa luta socialista o cavalo de batalha de todos os noticiários.
António Costa conseguiu chegar à meta em primeiro lugar. Indubitavelmente. No início da corrida, os socialistas duvidaram, dividiram-se, questionaram-se e depois, num golpe de magia, surge uma novidade que talvez viesse a resultar. Dar também aos simpatizantes, fossem eles quem fossem, a possibilidade de votar no seu preferido. Golpe de mestre! Na contenda, já não eram somente os socialistas que iriam votar, mas também os portugueses que quisessem inscrever-se para escolher qual seria melhor entre os dois. Fantástico!
Se as Primárias já eram uma novidade, o alargamento do voto a simpatizantes, veio reforçar a vontade de mudança do partido socialista e o alargamento da sua base de apoio. Claro que muitos dos que votaram e fizeram a sua escolha, até pertencem ou perfilham ideologias diferentes das socialistas, mas isso não interessa. Sabemos que não vão votar novamente no PS, até porque alguns dos que votaram, acabaram por votar no candidato errado, mas enfim.
E agora? António Costa é o novo líder do partido socialista. Seguro aceitou a derrota e demitiu-se democraticamente, mas engolindo um enorme sapo! Ninguém gosta de perder, mesmo a feijões. Depois de levar o partido a duas eleições e ter ganho as duas, quando Costa não quis assumir nada, ter de enfrentar umas eleições internas e perdê-las depois de um score positivo, é demasiado duro, convenhamos. Mas Seguro fez o que tinha a fazer.
O que não me parece tão correto, é ter-se dito sempre que quem ganhasse era candidato a primeiro-ministro, como se as coisas fossem assim tão simples e lineares. Não são. António Costa ganhou, é o novo secretário-geral do partido, mas para ser candidato a primeiro-ministro terá de ganhar o Congresso. Este é o único órgão do partido que vai aprovar quem será o candidato a esse lugar. É evidente que o secretário-geral está melhor posicionado do que alguém que surja no Congresso com esse propósito. Mas tudo pode acontecer, até porque não se sabe se alguém dentro do partido socialista quererá afrontar Costa no Congresso. E se isso acontecer, os votos podem decidir o contrário do esperado. E como neste país tudo pode acontecer, vamos a ver se Costa continuará ou não a ser candidato ao lugar de primeiro-ministro.
Entretanto, o lugar de Presidente da Câmara da capital, ocupado até agora por António Costa, vai ficar vago. O tal que à janela do Município, fazia a sua campanha, vai ter de sair, como se o facto de estar à janela, como dizia Seguro, já previsse o salto cá para fora, ainda que não fosse pela janela, mas pela porta de entrada. Lisboa, indignada e enganada, vê o seu presidente sair, abandonando os munícipes que votaram nele e que não lhe disse como vai resolver o problema da sua vacatura. Claro que há formas legais de o fazer, mas Costa não avisou ninguém, talvez para prevenir o facto de poder vir a perder as eleições.
Mas se o Presidente da Câmara de Lisboa vai ser outro que não Costa, o facto é que este que durante a campanha fez promessas engenhosas aos socialistas, caso chegasse a primeiro-ministro, após as eleições legislativas do próximo ano. Como é fácil fazer estas promessas! Não sei se é mais fácil fazer as promessas enquanto candidato a secretário-geral do partido, se como candidato de facto, a ganhar as eleições legislativas! Ambas me parecem desmesuradas em termos democráticos, mas para determinadas pessoas, o que interessa é prometer qualquer coisa pois o seu cumprimento nunca será substancialmente questionado, já que todos sabemos que as promessas nunca são para cumprir. São apenas para ganhar votos.
E agora, meus amigos? E agora Costa? Quantos dilemas depois de uma vitória em que os muitos simpatizantes fizeram a diferença! O que mais nos espera? Certamente que a comunicação social descobrirá outro assunto de interesse, já que o assunto Tecnoforma, acabou sem forma alguma!
