João Gabriel Martins
Eduardo Cabrita, Rui Santos e Francisco Rocha testaram negativo
As eleições presidenciais que decorrem amanhã vão colocar à prova a capacidade organizacional das entidades públicas que têm responsabilidade na organização das mesmas. Refiro-me ao Ministério da Administração Interna, à Câmara Municipal e à Junta de Freguesia que, em articulação com a Comissão Nacional de Eleições têm que proporcionar todas a condições sanitárias aos eleitores para que, em segurança, possam praticar o seu direito de voto.
Hoje, decorre o dia de reflexão e, ao invés do que é habitual, tenho refletido bastante. Não sobre o meu voto mas sim sobre as condições de segurança sanitária com que eu e os meus colegas da mesa de voto vamos receber os eleitores num dia que deveria ser um hino à democracia. Acontece precisamente o contrário e poderá ser mais um dia que irá contribuir exponencialmente para a propagação da Covid-19.
É inadmissível que os municípios e as juntas de freguesias, entidades que em conjunto tiveram responsabilidade na escolha dos munícipes que vão estar na mesas de voto, não tenham tido orientações do Ministério da Administração Interna para proporcionar testes rápidos de despiste do vírus SARS-CoV-, 2 de forma a que nestas estejam apenas membros não infetados e que não coloquem em risco a saúde de todos os eleitores.
Ficou ao critério de cada município e junta de freguesia testar as pessoas que convocaram para realizar aqueles trabalhos eleitorais, o que acabou por criar uma situação desproporcional a nível nacional onde em alguns concelhos e freguesias estarão membros na mesa de voto que foram testados e noutros locais não, criando uma imagem de cidadãos de primeira e outros de segunda que, de forma mais segura ou menos segura, dependendo dos casos, vão assumir o seu compromisso cívico no próximo dia 24 de Janeiro. Não me admira que através das notícias saibamos que existem imensas pessoas a desistir de cumprir esta responsabilidade anteriormente assumida. Contudo, apesar de toda esta situação, não me sinto arrependido e não irei desistir de o fazer.
No caso da freguesia e do concelho de Vila Real, até ao dia anterior às eleições, não tenho conhecimento que algum membro das mesas tenha sido convocado para realizar um teste rápido de despiste ao SARS-CoV-2. Falo com conhecimento de causa visto ser um dos cidadãos que vai assumir responsabilidades em presidir a uma mesa de voto na respectiva freguesia e concelho anteriormente mencionados. Não obstante a recomendação da Ordem dos Médicos para o teste ser feito, o presidente do município, Rui Santos, e o presidente da junta, Francisco Rocha, falharam em toda a linha ao não aplicarem orientações locais para que todos os membros das mesas fossem testados — tal como vários estão a ser por decisão dos seus pares em outras freguesias e concelhos a nível nacional (como por exemplo Mirandela, Coimbra, Braga, Marinha Grande) — seguindo assim a mesma postura de irresponsabilidade organizacional do ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita.
Todos nós que amanhã teremos a responsabilidade de estar numa mesa de voto, certamente nos sentiríamos mais seguros se soubéssemos de antemão que não estaríamos a infetar os eleitores que vão ao nosso encontro e que resiliência é o seu nome do meio pois muitos vão abster-se pela primeira vez por não se sentirem seguros em ir votar com medo de se contaminarem e por acharem que o dever de recolhimento domiciliário se sobrepõe ao direito de votar. Só uma imagem forte de segurança sanitária local ou nacional, com testagem de todos os membros das mesas, traria alguma tranquilidade adicional a quem ainda está indeciso em sair de casa para ir votar mas os responsáveis máximos não deram o exemplo, não passaram o teste ou seja na minha opinião, Eduardo Cabrita, Rui Santos e Francisco Rocha testaram negativo, em mais um teste de organização eleitoral.