Luis Ferreira

Luis Ferreira

Eleições ao rubro … e as promessas queimam

Em período de férias, os portugueses vivem mais momentos de preocupação do que de relax. O suposto tempo de lazer e descanso que todos aguardam com alguma ansiedade, parece esvair-se em ameaças grevistas que causam um alvoroço tremendo no governo, que por sua vez, vê as eleições aproximarem-se a passas largos e não necessita deste cenário de incerteza onde o medo paira como machado prestes a cair sobre ele.

Não estando diretamente sob a tutela do governo, a ameaça de greve dos motoristas de matérias perigosas e transportes alimentares, não ajuda nada a estratégia do governo, seja ela qual for, em termos de visão eleitoral, num momento em que a maioria dos portugueses vão partir para as ansiadas férias, sendo o Algarve um destino por excelência. A acontecer, o governo sofre um duro revés e Costa arrisca, com toda a certeza, a suposta maioria com que parece estar a contar. Claro que para o BE, não sendo um objetivo a greve dos motoristas, ela é uma benesse nas suas ambições para a continuidade da geringonça. Uma vez mais, a muleta que o PS pode precisar para continuar a governar. Joga-se, portanto, nesta greve e em outras semelhantes, o futuro de uma possível maioria do PS, o que faz depender do governo e só dele, o resultado das eleições. O problema está em como resolver uma greve em que o governo pouco pode ajudar a não ser na requisição dos serviços mínimos. Ora estes também não foram além dos 25% o que é manifestamente pouco para as ambições que o ministro tinha. A continuar assim, a greve vai parar, uma vez mais, este pequeno país que parece andar a brincar às greves, quando o governo diz que tudo está bem e muito melhor do que se esperava. Então como se explicam tantas greves? Se tudo está bem, não se justificam tantas greves em tantos sectores como o dos motoristas, dos corticeiros, dos juízes, dos enfermeiros, dos médicos e mais alguns que todos sabemos. Afinal o que é que está bem?

Talvez por isso mesmo, todos os partidos estejam a preparar a sua rentrée com o maior cuidado e com mais certezas. Não sabem muito bem o que vão dizer e o que podem esperar, mas sabem que têm que que subir o seu score eleitoral. Aqui as sondagens desempenham um papel primordial, para o bem e para o mal, já que, como diz Rui Rio, se as sondagens fossem assim tão certas não seria preciso fazer eleições. Talvez tenha razão. Talvez. É que estas dão como certa, a falha de uma maioria do PSD na Madeira e por isso o PSD aposta mais no Chão da Lagoa. São 920 Km a separar a rentré habitual do partido. Segurar a Madeira é importantíssimo. Mas também na Madeira, na Fajã da Ovelha, o CDS aposta a sua rentrée e joga uma geringonça que poderá ser com o PSD. Mas o PSD/ Madeira, segundo parece, não se importa de arranjar uma geringonça com o PS. A ser assim, os interesses partidários sobrepõem-se novamente, aos interesses dos portugueses. Mas o que pode acontecer é a esquerda ganhar e o PS conseguir fazer a geringonça com ela. Desta feita perde o CDS e o PSD, pois podem não conseguir a maioria para governar a Pérola do Atlântico. Seria um desastre para o PSD ver o PS a governar a Madeira. Penso que seria o princípio do fim de Rui Rio.

Para complicar tudo isto, parece que o próprio PSD, por ordem de Rio, não está a fazer o trabalho bem feito. As listas que estão a surgir todos os dias, trazem novidades extraordinárias. Rui Rio está apostado em renovar e muito, estas listas de candidatos a deputados e o resultado é uma debandada enorme de nomes que não vão fazer parte do hemiciclo. São mais de 60 os que se vão embora. Será que é razão para dizer “quem não está comigo, está contra mim”? Temos aqui então uma ditadura parlamentar, que pouco terá de democrática. Certamente vamos ter uma Assembleia constituída por nomes completamente desconhecidos e com muito poucas referências políticas. Será um meio para acabar com a cedência de favorecimentos que levam a voos muito mais arrojados e perigosos. Talvez Rio tenha razão. Ele lá saberá para onde quer correr.

E para onde correm os outros partidos? Parecem estar todos à espera de coligações e geringonças. Não há afirmações que nos conduzam a outras conclusões. Tudo são suposições. Os líderes avançam com promessas fantásticas se ganharem as eleições. Rui Rio promete reduzir os impostos, aumentar salários, aumentar a economia, enfim, um pacote extraordinário, na esperança de que todos sejamos ingénuos e acreditemos em tudo isso. Mas Costa não fica atrás nas promessas. Não interessa o que se promete ou o que se vai fazer. Se der para o torto, quem ganhar que resolva os problemas. É sempre assim que se faz. O PS deixa o país de pantanas. Dá tudo o que pode e o que não pode. Depois se perder, o PSD e os outros que solucionem as asneiras e que fiquem com o ónus do resultado, que nunca é bom. Como os portugueses acreditam que tudo vai correr bem com o PS, voltam a dar-lhe certamente, a possibilidade de ganhar. Depois e como não se pode dar continuadamente o que se não tem, nas próximas eleições, o PS perde e o PSD e o CDS que voltem a tentar tapar o buraco e que fiquem mal novamente na fotografia. Claro.


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