Batista Jerónimo
Eleições Europeias
Decorreram no passado fim-de-semana as eleições para o Parlamento Europeu, extrapolações, analises e comentários não faltaram. Eu, também vou fazer a minha e tentar contribuir para o debate, comentando algumas questões, focando-me mais na abstenção e nos resultados no Distrito de Bragança.
Sobre a abstenção, convido-vos a analisar o seguinte mapa, onde constam, inscritos, votantes e abstenção, todas as eleições nacionais desde 2009.
Salientamos o desmedido aumento de inscritos das eleições Autárquicas de 2017 para as Eleições Europeias de 2019, em número 1 374 626 e em percentagem 14,6%. Este incremento deve-se, fundamentalmente ao recenseamento “automático”, de efeitos retroactivos, com a não necessidade de fazer o recenseamento, todos as pessoas que são possuidores de Cartão de Cidadão (CC), passaram a estar recenseados na residência que consta no CC. Pegando nos recenseados em 2017 e com os votantes de 2019 (comparação grosseira, mas não terá grande desvio, ver mapa abaixo) a abstenção seria de 65,7%, inferior às últimas eleições Europeias (66,2%). Então, a abstenção poderá não ter sido tão elevada, no entanto continuamos a divergir da média da União Europeia 49,18%. A responsabilidade da abstenção deve ser imputada aos partidos, em primeiro lugar, porque usaram vários subterfúgios para fugir aos temas europeus essências e em segundo aos partidos que pediram cartão amarelo e cartão vermelho à governação. Fizeram destas eleições uma primeira volta das legislativas.
No quadro seguinte, também para dar crédito à última analise, vemos a evolução dos inscritos desde 2009. Podemos constatar, que as oscilações de inscritos variam de 2009 a 2017 entre os -3,39% e 2,12%. Se reparamos a evolução dos inscritos do ano 2009 para o ano de 2017 em percentagem caiu -0,37% e em número - 34 391.
NOTAS:
- Média dos inscritos nas duas eleições Legislativas e Autárquicas.
- Média dos inscritos nas duas eleições Legislativas e Presidenciais.
Ainda sobre a abstenção, acordou muito tarde o Presidente da República, ao apelar ao voto na sexta-feira ou sábado (?). Quando alguns cidadãos, responsáveis políticos e todos (?) os “opinadores” do Expresso, entre outros, o fizeram na sexta-feira. Voltou a estar mal, na noite da votação, não cumprindo, com o que disse e só comentar as eleições depois de os partidos se pronunciarem, não resistiu ao microfone (como não resiste a uma “selfie”), começando a falar quando o Primeiro-ministro estava a responder às perguntas dos jornalistas.
Sobre os resultados no Distrito, é de salientar que pela segunda vez o Partido Socialista (PS) ganha. A primeira foi nas Legislativas de 2005 com 42,07% dos votos, com País a ficar tudo rosa à excepção de Leiria e Madeira, nestas, Leiria deu lugar a Vila Real, mantendo-se a Madeira.
Este resultado, no Distrito de Bragança foi possível, quanto a mim:
- Reconhecimento na acção governativa, não tanto pelo aumento do rendimento disponível, mas pela confiança, estabilidade política e principalmente por deixar de se ouvir falar (e sentir) em cortes nos vencimentos e pensões. Não deixou de ser valorizado o facto de nesta legislatura termos tido dois secretários de Estado.
- Empenho manifestado da estrutura Distrital nestas eleições. Nunca testemunhei tanto interesse e disponibilidade em eleições Europeias.
- O PS aparece tanto a nível nacional, mas principalmente a nível distrital com algumas caras novas, independentemente da idade. Neste ponto, temos de enaltecer os “históricos” e constantes nos últimos anos na ocupação dos lugares políticos distritais, o relegarem-se para segundo plano, darem o palco aos “debutantes” e na sombra contribuírem para este resultado, manifestaram uma magnanimidade e altruísmo digno de registo, é esta a postura exigível aos verdadeiros socialistas.
O PS, tem de acreditar que é possível ganhar as próximas Legislativas no Distrito, como diz o ditado - não há duas sem três - mas, sobre este assunto, pronunciar-nos-emos em breve.
Baptista Jerónimo