Alexandre Parafita

Alexandre Parafita

Eliminar as portagens para “salvar” o Interior?

Mas que Interior? Não creio que os deputados do PS e do CHEGA, quando se empenharam na eliminação das portagens na ex-SCUT, soubessem o que isso podia representar de negativo para algumas populações do Interior.

Era há muito reivindicado por quem por cá anda (como eu, que nada devo a qualquer partido) que houvesse isenção de pagamento nas auto-estradas que não tivessem boas vias alternativas. E muitas são por esse país abaixo. Contudo, a via rápida IP-4, por exemplo (um projeto revolucionário que ousou rasgar o Marão nos anos 80), é uma excelente alternativa à auto-estrada A4 no Marão. Mas, deixando de ser usado o IP4, estão condenadas a desaparecer aldeias como Aboadela, Ansiães, Boavista, Viariz da Poça, Cotorinho, Arrabães, Bisalhães e outras, já de si muito desertificadas.

Deixando de ser usada a Estrada Nacional 2, entre Vila Real e Chaves (que eu sempre usei quando leccionei na UTAD em Chaves, mesmo existindo a A24), qual o futuro de localidades como Vila Seca, Gravelos, Escariz, Benagouro, Samardã, Covelo, Vila Chã, Telões, Soutelo de Aguiar, Fontes, Nuzedo, Sampaio, Vila Meã, Sabroso de Aguiar, Oura, Vilela do Tâmega, Pedras Salgadas e tantas outras? E os pequenos comércios, restaurantes, pequenas indústrias, bombas de combustível da beira da estrada, vão sobreviver como?

Alguns dos nossos deputados, quando afirmam bater-se pelos interesses do Interior, deviam de seguida ir confessar-se a um padre.

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