Alexandre Parafita
Em que águas navega Magalhães?
Há uns anos atrás, uma pedagoga brasileira, de visita a diversas escolas em Portugal, estranhou ver os alunos, principescamente, munidos de um computador com o nome “Magalhães” e desconhecerem em absoluto que nome era esse. Estava-se em pleno governo de Sócrates, tempo de abastança, com um milhão de “Magalhães” a serem distribuídos pelas escolas, ao abrigo do programa “e-escolinha”, contudo a grande maioria dos alunos que usava tal equipamento nem sequer o associava ao Navegador e muito menos sabia da existência desse grande português, senhor dos Oceanos, que foi pioneiro na história do mundo.
Tal paradoxo foi o leit-motiv para que, por sua sugestão e minha coautoria, nascesse o livro infantojuvenil “Magalhães nos olhos de um menino”, lançado pela Plátano Editora, em 2011, e logo adotado pelo PNL. Uma obra escrita a duas mãos, página cá página lá, a fluir nas redes sociais, ligando os dois lados do Atlântico, na pegada da “aldeia global” que Magalhães começou a construir.
Passaram oito anos e este ano comemora-se o V Centenário da Circum-Navegação. Entre os objetivos parecia claro o propósito de alcançar com a chama das comemorações as crianças e jovens das escolas da rede magalhânica, procurando aí divulgar e consagrar a figura do Navegador.
Entretanto, muitos atos públicos têm já ocorrido, com muita História e muita Ciência em torno de Magalhães. E mesmo alguma polémica a soprar do país vizinho não tem faltado. Mas, e como ficam as crianças e jovens? Estará a chegar a elas a chama heróica do grande Navegador, esse português que provou não haver um fim para o mar, e mostrou ao mundo que, quando os sonhos são infinitos, nem a lei da morte os pode travar?
in JN, 26-7-2019