Batista Jerónimo

Batista Jerónimo

Esquerda vs Direita e o Partido Socialista?

Em Portugal, a quando da instalação da democracia, os Partidos Políticos, passaram a ser arrumados na Assembleia da República à direita ou à esquerda em consonância com a sua ideologia política, vertida nos estatutos.

Desde as primeiras eleições legislativas, perpetuou-se até aos dias de hoje, que só dois partidos têm hipótese de ganhar eleições, à esquerda o Partido Socialista (PS) e à direita o Partido Social Democrata (PSD). Nas primeiras eleições, estes dois partidos somaram 64%, este valor tem tido ligeiras oscilações, em 2011 valiam 66,7%. Desde o início que +/-25% dos votos são disputados por duas forças políticas (agora três - PCP, CDS e BE). O que dava ao PSD com o CDS, para formar governo. A esquerda até 2015, não foi possível criar entendimentos. O PS, também conseguiu formar governo com o CDS. Esta assunção, de esquerda e direita por parte dos partidos políticos, está bem vincada até vésperas a eleições e nos primeiros anos de governo mas, depois nalguns períodos de governação, não tem sido bem assim. Nas próximas eleições a expectativa é aferir os votos do Partido Aliança e onde os vai buscar, penso que irá buscar poucos aos actuais partidos (embora sejam visíveis dissidentes do PS e PSD a dar a cara, neste partido) e bastantes à abstenção, branco e nulos, pois quando aumentamos a oferta de escolha aumentamos potenciais votantes, assim seria óptimo, aumentávamos a representatividade na AR. Se a Aliança, vier a ter expressão, podemos vir a ter três partidos á esquerda e três à direita a entrar no “arco da governação”. 

Estes desvios de comportamento e linhas de orientação ideológica têm sido comuns aos dois partidos que têm ganho as eleições. Assim reza a história, muito também em função da liderança.

O PS, é talvez o que sofre mais mutações ideológicas quando é governo e mesmo na oposição. Ganha eleições com prenúncio de vir a praticar políticas de esquerda, afirma-se como partido de esquerda e depois após a eleição e na governação, cede à tentação de tentar ganhar o “centrão” (nomenclatura utilizada a uma faixa de votantes voláteis, que não estão “agarrados” a partidos e impossível de mensurar). Dizem, pretensos entendidos, que são estes eleitores que fazem alternadamente um destes partidos ganhar as eleições. A ser assim só as fazem perder, pois os dois partidos, governam para ganhar o “centrão” e serem reeleitos o que geralmente não acontece e quando acontece perdem votos.

Em termos ideológicos, depois na prática não é bem assim, a esquerda difere muito da direita. De uma forma simplista, mas entendível, podemos dizer que a esquerda quer mais Estado e a direita menos Estado. Dito de outra forma, a esquerda quer um estado mais robusto, com mais preponderância na economia, assegurar o estado social e de providência. Politicas mais proteccionista dos desfavorecidos. O PS estatutariamente defende uma sociedade assente nos valores da liberdade, igualdade e solidariedade, organizada democraticamente. Os militantes e simpatizantes deste partido, acreditam e valorizam ainda os valores da equidade e justiça social, direitos e oportunidades em condições igualitárias, para a promoção do interesse público e melhoria das condições de vida dos cidadãos.

Os militantes, como eu, ficam com a ideia que os actores políticos, a começar nos chefes dos governos, com excepção para (talvez) António Guterres, se envergonham de praticar políticas de esquerda e socialistas, não dando cumprimento à ideologia vertida nos estatutos.

Também, os militantes e simpatizantes, gostavam de ver melhorada na AR e Governo a representatividade da sociedade civil, mais classes e profissões, pelos melhores. Mas, é a isso que temos assistido? - Não, os governos até nem começam mal, mas cada remodelação que acontece, estes empobrecem na qualidade dos actores políticos. Não acrescenta qualidade as promoções daqueles “miúdos” que nunca souberam (alguns) o que é andar na faculdade (e se sabem, não conseguiram licenciar-se), elaborar um curriculum, procurar o primeiro emprego, que se conseguido, a auferir pouco mais de 600€. Estes “miúdos”, fora dos “padrinhos” cresciam e ficavam a saber as dificuldades dos que não têm a protecção dos progenitores ou familiares e/ou “cunha”, conheciam o Portugal real, saberiam o que é faltar euros e sobrar mês. Sempre defendi que os filhos não devem ser prejudicados pelos pais, mas os filhos têm de crescer, fazerem-se homens, saberem em que País vivem e as dificuldade dos seus concidadãos. Que gerações estamos a criar? Que futuro para este País? Onde se chega ao governo, sem sair do largo do Rato? Jovens que não ingressam na universidade porque foram eleitos deputados ou vão para um gabinete de um qualquer ministro ou secretário-de-estado? (nos outros partidos passa-se o mesmo). É esta a igualdade de oportunidades?

O PS tem todas as condições para renovar o mandato. Neste Governo assistimos a greves para repor direitos, salários e pensões que foram injustamente sonegados. No anterior Governo, fizeram-se greves para evitar os cortes nos salários, nas pensões e regalias. Que concidadãos teríamos se votassem naqueles que tão mal trataram o Povo Português, em particular os funcionários públicos, nos arautos da chegada o DIABO.

Estamos em Março, eleições legislativas em Outubro, tempo mais que suficiente para fazer boas listas, credíveis, com profissionais impolutos, conhecedores em vários saberes, representativos da sociedade Portuguesa e, cumprindo estes pressupostos, depois é acreditar no veredicto do povo português.

O PS merece ver o seu mandato renovado, mas tem de fazer mais e melhor, antecipando que, se ganhar as eleições, é esse o seu querer.

Atenção: a “geringonça” de esquerda serviu para afastar a direita, é necessário transmitir confiança ao povo português, para não aparecer uma “geringonça” de direita e afastar a esquerda do governo. Todos teríamos a perder.

Por um Portugal no bom caminho.

Baptista Jerónimo


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