João Gabriel Martins
Estaremos perante uma verdadeira modernização do sector dos táxis?
17 milhões de euros dos contribuintes na modernização do sector dos táxis. Sim, cerca de 1500€ por taxista registado!
“Que mais empresas invistam em táxis acessíveis. O ideal seria numa frota de táxis, que conta no mínimo com 20 viaturas, 5% destas fossem adaptadas a pessoas com mobilidade reduzida, o que passa, naturalmente, pela concertação de uma estratégia de empresas deste ramo com uma política social, não podendo esquecer o elevado contributo de investigação que pode ser dado pelas Universidades...”
Este último paragrafo é um excerto de um texto que escrevia num blog, há cinco anos atrás, fruto de um trabalho de grupo numa unidade curricular, lecionada no curso de Engenharia de Reabilitação e Acessibilidade Humanas (ERAH-UTAD) na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.
À data, nada faria prever que bastariam apenas cinco anos para o governo de Portugal se propor a investir vários milhões de euros neste sector. Modernização esta, por mim antes aclamada, mas com outros princípios, os da IGUALDADE.
Este investimento, caso venha a realizar-se no presente, parece-me que não irá mudar o meu ceticismo do passado nesta temática. Quanto mais leio sobre o assunto, mais fico com a seguinte ideia: esta proposta só surgiu para apaziguar o sector dos transportes, face ao receio do sector perante a UBER e toda a mediática polémica que temos assistido, que não tende a acalmar e, como sabemos, em nada favorece o governo.
Não esqueço também, que este governo prima por ter uma secretaria de estado - no ministério do trabalho, solidariedade e segurança social - dedicada à inclusão das pessoas com deficiência. Por conseguinte, aguardo serenamente, por alguma manifestação pública quanto a este assunto, da parte da Secretária de Estado Ana Sofia Antunes, que certamente deverá ter alguma influência neste tema, para que este investimento venha a ser um dia mais tarde reconhecido na história de Portugal, como inclusão e não como uma das maiores "cunhas" de modernização nos transportes.
Aí sim, darei o braço a torcer e voluntario-me, para daqui a 5 anos (ou seja, passados 10 anos do primeiro estudo que referi: os táxis acessíveis), fazer um segundo estudo, registando o que evoluiu em termos de igualdade, devido a esse mesmo investimento.