“Falar na 1ª pessoa”

Em Portugal, continua existir, conforme as diferentes soluções governativas, manifestamente mais as  que vestem variações marxistas, uma incapacidade de olhar para o “ Estado”, como um conjunto em que há lugares para todos, o sector público e sector privado, empregados e patrões, proprietários e não proprietários,  governando querendo dar força a um lado em detrimento do outro, quando na verdade todos são precisos e todos fazem falta.
Relativamente à iniciativa privada e ao empreendedorismo, permanece nos governos mais à esquerda, uma desconfiança relativamente às empresas e aos empresários, sustentada numa falsa preocupação com a solidariedade e justiça social, quando a verdadeira motivação, resulta pelo receio de o “ Estado” não controlar este sector e por definitivamente, não acreditarem no mérito e no trabalho.

Há uma preferência de engordar o sector público, ao invés de estimular o sector empresarial verdadeiro criador de emprego e de quem depende o crescimento económico, cujos valores se satisfatórios, mesmo num Governo de esquerda que desconfia do sector privado, utiliza-os para um autoelogio da sua ação governativa.

O Partido Socialista tem vindo alimentar esta desconfiança, relembro que em 2014, na oposição quebrou o acordo concertado em 2013, com então coligação PSD/CDS , da descida progressiva do IRC  até aos 17%.
Chegados ao Governo, no final de 2015 e suportados pelas esquerdas radicais, os sinais foram gritantes dividindo claramente o país em dois, o sector público e o sector privado, em todas as matérias, seja nas horas semanais de trabalho, seja na idade da reforma, seja nos valores do ordenado mínimo etçª.

Esta forma de Governar, é contrária a um valor fundamental, esquecido pela Geringonça e que não parece fazer parte do ADN deste Partido Socialista, o da Liberdade.

Há uma ideia muito clara em que acredito e defendo, é que antes de existir “ Estado” existiam as pessoas, as pessoas são reais e são elas que dão sentido à existência do próprio “Estado”.

Falo na 1ª pessoa, porque eu próprio, contra o que era esperado no meio familiar, no final da minha licenciatura em História ( Ramo Cientifico),paralelamente à conclusão do curso superior, fiz uma Sociedade de Hotelaria, intervindo no mercado de aluguer de equipamentos para festas, decoração e organização de eventos sociais( festas de empresa, baptizados, casamentos), percebendo com apenas 21 anos, que no nosso país, as nossas leis, eram como continuam a ser, os obstáculos ao desenvolvimento e à constituição de pequenas e médias empresas; as obrigações e a intensa burocracia e, com ela, os custos associados aos inícios de actividade, podem frustrar qualquer iniciativa.

A verdade é que a persistência, permitiu o crescimento desta empresa, criei vários postos de trabalho mas antes, foi preciso trabalhar muito e saber fazer de tudo o que esta actividade exigia: guiei camionetes de mercadoria, ajudava a carregar camionetes com os equipamentos, a decapar e a pintar cadeiras ( porque os gostos e as tendências tinham mudado), a cortar e até costurar tecidos para fazer camilhas para as mesas, a cozinhar uma variedade de pratos, a lavar a loiça enquanto acompanhava o decorrer de uma festa, a ser o relações públicas da empresa, o gestor e podia continuar.

Não consigo contabilizar as várias noites que não dormi a trabalhar, para no final do mês ter a certeza que conseguiria pagar, sempre em 1º lugar os meus funcionários.
Nos momentos complicados, que fazem parte da vida de uma empresa, se foi preciso alguém ficar sem ordenado, fui eu e nunca os meus funcionários, eles estiveram sempre em 1º lugar.

Se sabemos que o crescimento económico e a empregabilidade dependem essencialmente da iniciativa privada e dos empresários, qual é a lição que a visão Socialista da sociedade não assistiu?
Em regiões do interior de Portugal, em que se tem assistido a um progressivo despovoamento, como é que não se estuda de forma mais célere a criação das melhores condições para atrair novas empresas?

Quero mencionar com sincera satisfação, a notícia da distinção atribuída pelo IAPMEI (Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas), o Estatuto de PME Excelência,  a 11 empresas do distrito de Bragança, responsáveis por 339 postos de trabalho e por um volume de negócios superior a € 37,5 milhões de euros.
Muitos parabéns,  à empresa de camionagem e viagens António Augusto Santos, à Baiula- Supermercados de Miranda do Douro, à Farmoreno- Comércio a Retalho de Produtos Farmacêuticos, à J M Gonçalves Tanoaria, à Tapocal-Tanoaria, à Bragamaia- Sociedade Transformadora de Ferro, à Bricantel, à Elias Santos Pinto- Redes de Transportes de Água, à Farmácia Bensaúde, à Frutas Ferreira e à Nordhigiene .

Agora o mais importante, que perceber a forma de taxar o lucro que as diferentes empresas possam ter alcançado, é aprender como é que se faz, qual o melhor caminho, para fixar e atrair novas empresas, nunca esquecendo que as “ Empresas” são feitas por pessoas.

No CDS-PP, no nosso programa eleitoral, incluímos o que já tínhamos proposto na Assembleia da República, sem êxito por falta de vontade politica, de um verdadeiro “Estatuto de Beneficio Fiscal para o Interior”, para quem vive ou queira  viver  no interior e também, para as empresas que existem ou se queiram fixar no interior que passa pelas seguintes medidas:

1) Redução para metade  do IRS para quem vive no interior;

2) O custo das portagens e dos transportes devem ser descontados  ;

3) As empresas que laboram no interior devem pagar apenas 10% de IRC;

4) Dar benefícios e apoios aos investimentos.

Na 1ª pessoa estou agradecido aos meus funcionários, aos meus fornecedores e aos meus clientes, pela experiência que vivi na área empresarial.

Na 1ª pessoa, com esta crónica, estou agradecido pelo exemplo que os Empresários do Distrito de Bragança dão e continuam a dar.

Acredito que de facto não existem pessoas A ou B, existem PESSOAS!
Nuno Moreira


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