João Pedro Baptista

João Pedro Baptista

Fim da ‘Geringonça’. A redescoberta da social-democracia

Como refere o provérbio: “o bom filho a casa torna”. Passados quatro anos de funcionamento da dita ‘Geringonça’ – a qual surpreendeu os mais céticos e toda a ala neoliberal do espectro político português pelo seu bom desempenho sobretudo no que trata a recuperação económica e financeira  do país – está, agora, na hora, de o Partido Socialista, de António Costa, regressar a casa, à social democracia e a um centro-esquerda que não ceda às chantagens de uma esquerda-radical e extremista, rumando, quem sabe, por uma Terceira Via.

Em entrevista a vários órgãos de comunicação, o primeiro-ministro tem deixado bem claro que os acordos assinados, em novembro de 2015 com o PCP, BE e PEV, foram cumpridos.

A ‘Geringonça’ está esgotada, funcionou bem, fez frente a um regime neoliberal que levou a cabo uma austeridade que gerou forte repercussões em toda a vida pública e política do país. No entanto, as diferenças ideológicas, entre os partidos que a compõem, sempre foram bem salientes e poderão ser mais, caso esta solução governativa se mantenha, mesmo depois das eleições. O que duvido muito!

Este entendimento político que levou à viabilização de um Governo, liderado pelo PS, com apoio parlamentar destas frentes políticas, foi, na altura, a melhor solução perante a realidade portuguesa.

Contudo, ultrapassado esse cenário, no dia 6 de outubro, com uma maioria absoluta – o que as sondagens indicam estar próximo – os socialistas têm a oportunidade de reforçar o partido, com uma ideologia política que vá ao encontro de uma solução governativa que respeite as medidas de crescimento e competitividade económica e de criação de emprego, bem como de políticas que atraiam investimento privado para os territórios, combatendo o envelhecimento e a desertificação das regiões, sobretudo do Interior de Portugal.

Na minha opinião, o desafio desta nova legislativa passa pelo Interior. É neste território que urge uma maior atenção do Governo, através não só de incentivos fiscais às empresas para aqui se fixarem, mas também através da melhoria e requalificação da ferrovia existente, promovendo um maior equilíbrio e coesão territorial. Muito está a ser feito. Pela primeira vez, em muitos anos, o Interior faz parte da agenda política. No entanto, ainda falta fazer mais!


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