Investigação Jornalística, da Justiça e as redes sociais
A investigação jornalística, em diversas ocasiões, pode dar origem a investigação judicial, embora o inverso ocorra com menor frequência, no entanto, quando isto acontece, a notícia é divulgada. A informação jornalística tem como objetivo primordial informar a sociedade, denunciando irregularidades ancorando-se na liberdade de imprensa. Para tal, os jornalistas recorrem à recolha de informações provenientes de fontes, documentos, testemunhos e, por vezes, fugas de informação. O impacto desta atividade na opinião pública pode ser significativo, expondo figuras políticas, sociais e gente dos negócios, além de exercer pressão sobre as autoridades judiciais. A exposição pública de indivíduos pode resultar em consequências severas, como a perda de credibilidade, demissões e afastamentos de cargos.
Por outro lado, a investigação da Justiça, conduzida pelo Ministério Público, tem como finalidade determinar a existência de crimes, identificar os responsáveis e aplicar a lei sempre em conformidade com as normas legais. Para alcançar os seus objetivos, utiliza inquéritos, interrogatórios, perícias forenses, escutas telefónicas e outros meios que respeitem a legalidade.
Em suma, a investigação jornalística e a investigação da Justiça, embora apresentem diferentes níveis de rigor, complementam-se mutuamente e, em muitos casos, uma pode desencadear a outra. Ambas se fundamentam na busca por provas factuais, garantindo aos visados o direito ao contraditório e à apresentação de defesa. A grande diferença reside na temporalidade: enquanto a investigação jornalística a condenação é imediata a investigação da justiça, em Portugal, quando envolve indivíduos ditos poderosos, seja politicamente ou financeiramente, pode até não se concretizar.
Depois temos as redes sociais, que quando utilizadas o julgamento é simples, mesmo quando o fenómeno é complexo advindo tanto aspetos positivos quanto negativos. Por um lado, as redes sociais permitem que as pessoas expressem as suas opiniões e se mobilizem em torno de causas importantes, promovendo a consciencialização e a justiça social. Por outro lado, esse ambiente pode-se tornar um espaço de críticas severas e julgamentos precipitados, onde as pessoas são frequentemente alvo de ataques e difamações num contexto inadequado e irresponsável perpetrado principalmente por covardes escondidos atrás de “perfis falsos”. De notar que a reação é tanto à mensagem expressa, como ao mensageiro.
O anonimato que muitas plataformas oferecem gratuitamente e irresponsavelmente pode encorajar comportamentos maldosos, levando a um aumento do “cyberbullying” e contribuindo para a desinformação de ataques violentos indiferenciadamente. Importa lembrar que cada perfil, corresponde a um humano, a uma pessoa real, e o impacto emocional dessas interações pode ser significativo a uma dimensão incalculável.
Seria saudável, promover um ambiente mais empático e respeitoso, fundamentalmente para mitigar os efeitos negativos do julgamento on-line, especialmente não dar espaço aos “perfis falsos”. Será que os “perfis falsos” têm o lado positivo, quando fundamentados, das denúncias anónimas ao Ministério Público?
Podemos concordar que tanto na investigação jornalística como nas redes sociais a condenação pública pode prejudicar inocentes? Ou, estes inocentes são só porque a investigação da justiça não conseguiu recolher as provas necessárias? Então, nestes casos, na falta de uma condenação da justiça, ocorreu a justiça pública, o que não nos permite ficar satisfeitos.
O que é difícil de compreender é que apesar de existir três tipos de Investigação: jornalística, justiça e nas redes sociais, ainda há quem se atreva a prevaricar. Qual será a razão para acontecer? O sentimento de poder e consequentemente, o de impunidade? O “chico espertismo”? A crença de que mim não me apanham? Ou, simplesmente será que todo o humano tem um preço?