Henrique Ferreira
Mais do mesmo
António Costa apareceu, finalmente, e em forma. Para criticar o Governo, como é óbvio numa oposição pitecantrópica, e para propor algo que ele julga novo: mais qualificação para os jovens, a fim de lhes proporcionar condições para não terem de emigrar.
Em relação ao modo das críticas ao Governo faz parte da má cultura política portuguesa. As oposições, em Portugal, nunca souberam criticar. Substituem a substância crítica pelos jargões e pelos insultos. Por aqui, Costa não traz nada de novo.
Em relação à qualificação dos jovens, a ideia seria boa e generosa se não tivesse subjacente dar mais do mesmo, ou seja, mais formação teórica, mais graus académicos e mais formações longas.
Na Europa, os filhos de Rousseau acharam que o caminho para a igualdade e para a mobilidade social seria prolongar o mais possível o período de escolarização e de juvenilização dos jovens. Porém, constata-se que, a partir dos 16 anos, é mais útil e menos destrutivo para os jovens começarem a sua aprendizagem e a sua inserção profissional, reduzindo o máximo possível os estudos superiores quase inúteis.
Só que, agora, temos a corporação dos professores do ensino superior a querer mais e mais formação para garantir o emprego. Só pensam neles, não nos alunos e muito menos no país.
De maneira que António Costa corre o risco de se deixar iludir pelos interesses desta corporação. Exige-se mais qualificação profissional útil, técnica e prática e menos formação superior inútil. Mas exige-se também um programa de formação de empresários e de criação de empregos. O problema maior até são os empresários, que são da idade da pedra. Os nossos trabalhadores até são bons, no Luxemburgo, na Grã-Bretanha, na Suíça, na Alemanha, na França. Por que será? Cultura empresarial? Talvez.
Oh António, e se estudasses um pouco mais?