Batista Jerónimo

Batista Jerónimo

Museu da Língua Portuguesa

Este é um dos equipamentos que dá visibilidade e notoriedade a uma cidade e devemos, nós Bragançanos, ficar satisfeitos quando vier a ser uma realidade.

Mas, passados mais de onze anos de ser aventada a hipótese de vir a ser construído, os casos e manobras de diversão continuam a ser notícia. E, sempre que dá jeito ao executivo, por falta de obras, por notícias penalizadoras (esta semana houve mais algumas de polícia) ou o executivo estar em foco (o que é uma constante), recorre a Nossa Senhora do Museu da Língua Portuguesa para fazer uma aparição.

Partindo do princípio que é para fazer, melhor seria que não fosse já, que ficasse para o próximo mandato, com outro executivo, isto porque, o local não é o mais indicado e o aproveitamento dos silos para este fim é uma patetice. Qualquer mortal sabe que, com os 613 000€ que custou o terreno, mais os custos de adaptação, dava para implantar este equipamento noutro local, mais amplo e de dimensão apropriada. O edifício a construir de raiz seria muito mais adequado ao conceito moderno de Museu, uma obra cuja arquitectura, poderia ser emblemática, de referência e a mobilidade interior e exterior facilitada a todos os possíveis visitantes sejam ou não portadores de alguma dificuldade motora. Também, deveria estar na mente do executivo, que não devemos congestionar a zona hospitalar e prever para aquele local, também de suporte ao “controverso” Pavilhão da Coxa, caso não venha a ser demolido, uma zona de lazer e um parque de estacionamento e, porque não reservar parte do terreno para uma futura ampliação do Hospital?

Não aprendemos nada com os erros passados, agora temos a generalidade dos Brigantinos a concordar que o Teatro e o Centro Comercial não deveriam ter sido implantados naquele local mas, à data a teimosia e surdez do autarca foi uma força arrastadora dos seus fiéis com a concordância infeliz da Assembleia Municipal que lhe deu cobertura e hoje sofremos dessa péssima decisão, pois não temos um Teatro Municipal funcional e temos um Centro Comercial a definhar.

Quando falámos de um Museu da Língua Portuguesa, estamos a falar de um espólio que diz respeito a toda a Nação Portuguesa, a todos os Portugueses. Então não compreendo como o Ministério da Cultura e outros Ministérios não estão envolvidos nos custos desta obra. Algo me leva a pensar, pelo histórico deste executivo, que ninguém bateu à porta deste Ministério ou de outros porque, dada a natureza do Museu, teriam não só vontade e gosto como obrigação de serem chamados a participar. Mas, Lisboa fica tão longe!

Sabemos, pelo que foi noticiado que o custo da obra anda na ordem dos 9 000 000€ de euros, com financiamento comunitário assegurado em 50%, mas são 4 500 000€ a suportar pela Câmara Municipal de Bragança, muito dinheiro para Bragança muito pouco para o Governo de Portugal.

Museu da Língua Portuguesa sim, mas uma gestão mais responsável também.

Nota: Nos silos dada a tipologia da construção adaptava-se bem a alojamento de estudantes, como estava pensado.

Bragança, 27/09/2020

Baptista Jerónimo


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