Alexandre Parafita
Não vai Maomé à montanha… vem a montanha a Maomé
Os atores da Filandorra, faz amanhã 15 dias, protestaram de uma forma inteligente e criativa, junto ao Tribunal de Vila Real, sob o lema “Atores encostados ao muro… de peito às balas”. Fizeram-no para denunciar a decisão do Ministério da Cultura de ter excluído a Companhia, apesar de considerada elegível, do apoio financeiro para a sua atividade.
O protesto teve os seus ecos, em especial, nos media.
E a Ministra, para serenar as hostes, hoje mesmo (num dia de forte tempestade) deslocou-se propositadamente a Vila Real para ouvir, de viva voz, as queixas da Filandorra. De permeio ficou a saber o que é e o que vale fazer e dinamizar cultura no Interior. Formar públicos, chegar até ao povo, o povo das aldeias, dos campos, e tocá-lo com instantes de emoção e autoestima, enchendo enormes auditórios. E levar o teatro a todos os públicos, em escolas, jardins de infância, universidades, lares de idosos, terreiros das aldeias, igrejas e mosteiros, cine-teatros. E pôr as populações dos meios rurais a interagir com obras e autores emblemáticos como Raul Brandão, Tcheckov, Lorca, Molière, Torga, Garrett, Gil Vicente, Goldoni, Brecht, José Luís Peixoto, Saramago, Shakespeare.
Ficamos agora à espera de saber se a visita foi só para inglês ver, ou para achar uma resposta justa e clara a quem tanto tem feito pela Cultura no Interior.