Batista Jerónimo
Natal inclusivo em Izeda
O Natal de hoje, em nada tem a ver com o de umas décadas atrás. Esta Festa nos nossos dias é uma manifestação de riqueza, onde não faltam as grandes prendas, cidades a trabalhar para o aquecimento global, grandes gastos em distracções - para inaugurações políticas, jantares solidários para mostrar o novo fato e um infindável rol de argumentos que nos afasta do Natal e dos seus valores no seio da Religião Cristã, que mais não é, do que a da celebração do nascimento de Jesus, na cabana aquecido pela vaca e pelo burro, em “palhas deitado”. Poderíamos num ano, aliás já algumas empresas o fazem, não esbanjar dinheiro nestes eventos laterais e canalizá-lo para as reais necessidades dos mais pobres e não animar um dia, mas proporcionar melhores dias e, assim interpretarmos objectivamente o espirito Natalício Cristão.
Todos nós quando questionados somos filantropos, todos nós ajudamos o necessitado, todos nós contribuímos para um melhor Santo Natal, todos nós condenamos o exibicionismo e propagandeamos o ensinamento mais nobre de Jesus, neste contexto, “… quando deres uma esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita…”, somos uns autênticos solidários, estamos de parabéns.
Mas, será que só os mais pobres necessitam de solidariedade? Claro que não, os solitários, os mais idosos, os doentes e não me estou a esquecer de ninguém, certo?
Errado, temos uma população que, geralmente se não sempre, é esquecida: a comunidade de reclusos. Por estarem privados de liberdade, por razões várias: momento de perda de racionalidade, marginalização e revolta de e com a sociedade, indevido julgamento, teremos de tudo pela certa, mas temos aqui seres humanos a necessitar, também eles, de Natal.
Para Izeda esta comunidade é muito importante, poderia ser muito mais, se tivesse oferta de alojamento, restauração e os equipamentos a que tem direito, aliás como todas as povoações, mas infelizmente só conseguiu ver restituído o título de Vila e o de Concelho ficou adiado “ad aeternum”.
A população de Izeda, poderia, não como agradecimento, mas simplesmente, praticar o Natal Cristão e proporcionar aos reclusos e colaboradores uma verdadeira festa solidária com a participação de toda a zona de influência e também gente de Bragança, que a par de Izeda beneficiam deste Estabelecimento Prisional, pois é para muitos a origem do seu sustento. Poderia ser uma festa de Reis à medida da colecta que conseguirem angariar. Não seria muito dispendioso, mas seria muito nobre, dignificante e gratificante para os reclusos e, porque não pedagógica e inclusiva, pois poderia ter actividades a desenvolver pela comunidade reclusa e não reclusa.
Estas, poderiam passar por uma missa, leitura de alguns textos alusivos à época Natalícia escritos para esse fim, grupos musicais da região que se disponibilizassem, jogos tradicionais, jogos de mesa, etc., almoço e/ou lanche: um verdadeiro programa de Espírito Natalício. Para terminar a promessa de, que em anos vindouros, seria para repetir a).
Não sei se a União de Freguesias quererá tomar a responsabilidade partilhada da organização, não é obrigatório que passe pela autarquia, pode só disponibilizar a logística, Comissão Fabriqueira, o Lar e o Lagar dos Olivicultores devem contribuir e, porque não uma comissão emergente da sociedade Izedenses? Correndo bem, poderia ser replicada a nível nacional.
Que não haja constrangimentos para não aproveitar a ideia, o promotor desta vai para o esquecimento e os seus executores ficam na perpetuidade.
Votos de um santo Natal à comunidade Reclusa, Guardas Prisionais e toda a população em geral.
- Aplica-se também ao Estabelecimento Prisional de Bragança, Talvez a ACISB, SC, CBC, …, pudessem agarrar a ideia.
- Quem quiser fazer uma limpeza ao seu guarda-roupa, alguns reclusos agradecem.
Bragança, 12 de Dezembro de 2019
Baptista Jerónimo