Nos horóscopos nunca acaba mal

É amanhã que termina o ano. Intensificam-se as preocupações com o para onde ir, o que vestir (confessem, depois de uma semana a sobras de polvo frito, pouca é a roupa que resta onde caibam), com quem ir. Tudo para que o último dia de 2016 e as primeiras horas de 2017 sejam maravilhosas. É que “entrar com o pé direito”, ou então entrar com tudo, faz toda a diferença no psicológico.

Ora, outro fenómeno que acontece nesta altura é o astrológico, onde por todo o lado, qual festa em honra de algum santo no Verão, há um fartote de símbolos de signos, livros em destaque com capas muito azuis e estrelas, onde se escrevem as previsões para os próximos 12 meses. Não sei quando são lançados tais almanaques das previsões astrológicas, mas, depois do Natal, saltam de qualquer esquina, no meio das placas que anunciam os saldos.

Sou daquelas que, desde premonições do mais negro dos magos até às das tarólogas com nomes tão normais, sem nada de esotérico, papo tudo. Porque acredito? Não. Porque estou a escolher a que mais me agrada. Se bem que todas me agradaram. Nos horóscopos nunca acaba mal.

No fundo, ninguém resiste. Somos uns groupies dos horóscopos. Mesmo quem diz que é uma parvoíce, que não acredita, sabe sempre qual é o seu signo, e não se contém em pedir “lê aí o meu”. Todos ficamos mais reconfortados por ter uma ideia, ainda que falsa, daquilo que nos espera. É como ler um romance, em que a maior história se passa na nossa cabeça, e fazemos associações patéticas com supostas situações da nossa vida. Sabemos sempre a que episódios se referem aquelas linhas. Mesmo que não façamos ideia do que quer dizer que Marte está na casa 10 e o Sol na casa 11, ou a Lua estar num ângulo harmonioso (eu não faço).

Reparem que nunca nestas previsões lemos coisas do género “este ano há uma grande chance dos nativos deste signo morrerem, mesmo os que estão na flor da idade”. Nem falam de doenças graves. Podem dizer que vamos ter “complicações” no fígado, mas nunca que vamos ficar sem ele. É tudo muito levezinho. Só quando se fala de amor é que se diz, abertamente, que as relações podem acabar. Ainda assim, note-se, o tom é sempre positivo. Como que um “mentalize-se que, se não deu, não era para si”. E toda a gente sabe, mesmo quem não lê cartas e constelações, que um coração partido cura, o resto é mais complicado.

Ainda no sector da saúde, há um flagelo associado aos horóscopos: as dores de cabeça, de costas, cansaço e a azia. É que estão sempre a prever isso, mesmo nas previsões anuais. Depois, sentimos isso tudo, nem que seja pelo efeito da sugestão. E nunca nos aconselham soluções, que não consultar um médico, quando ficamos com a clara ideia que todas as curas devem vir do interior.

No ano passado, numa destas previsões, diziam-me que 9 de Setembro ia ser o dia que ia mudar o meu 2016. E sabem o que aconteceu? Nada. Não fiquei defraudada. Apenas ligeiramente expectante nos meses anteriores, e feliz naquele 9 de Setembro, que vi passar para 10 a dia a beber cerveja, com a certeza de que, pelo menos, continuava intacta. Sobrevivi, sem inquietações, ao dia D, que afinal foi dia I – igual a tantos outros.

Para 2017 não li para já o que me bastasse para ter uma ideia daquilo que posso esperar. De memória, contam-me que o campo do amor vai ser arrebatador, a saúde também e o profissional idem. Não me lembro dos timings, mas ponho fé em que é verdade. É o que quero e desejo para todos.

Que 2017 seja do caraças!

 

 


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