Chrys Chrystello

Chrys Chrystello

Nunca se aprende e a história repete-se

Crónica 308 nunca se aprende e a história repete-se 

Pedem-me para não perder o meu otimismo proverbial, mas começa a ser difícil.

Médicos agredidos por utentes, um jovem espancado até morrer na calma Bragança pouco dada a estes crimes; pais pedófilos a verem a pena reduzida quando a pena de morte pelos seus crimes era pouco; 31 mulheres mortas em 2019 por violência doméstica (muitas vezes sinalizada pelas autoridades); uma idosa de mais de 90 anos morta por ladrões de tostões; e isto não são notícias do canal sensacionalista de televisão, mas vêm em todos os jornais e telejornais.

Lá fora nesse mundo vasto as notícias são ainda piores, um pouco por toda a parte, da Ásia, a África, Américas e mesmo na Europa. Uns aproveitam esta maré para desinformação, criação de mais notícias falsas, instilando mais medo generalizado e terror; outros usam-nas para introduzir mais medidas securitárias  que coartam a liberdade dos povos.

Não é, pois, de admirar que as sondagens indiquem que um certo partido recém-criado, e com assento parlamentar (e para lamentar) duplicou a sua margem de apoio e ruma para um futuro risonho (para si) ou tristonho (para nós).

A História já nos devia ter ensinado (foi em 1930 a última vez) que é assim que se criam regimes totalitários fascistas, mas, cada vez menos, existem políticos com escrúpulos e dignidade, capazes de colocarem os reais interesses da nação à frente dos seus interesses pessoais e partidários.

As massas seguem adormecidas pelos fogos de artificio (que tanto mal causam à poluição e cujo custo exorbitante bem poderia ser usado para melhorar a vida dos povos que embasbacados os observam), anestesiadas pelos aumentos de taxas, taxinhas e demais impostos, aumentos anuais do custo de vida desproporcionais aos aumentos de rendimentos, inebriadas pelas conquistas desportivas dos seus clubes, e crentes de que tudo se irá compor numa fé inabalável sem fundamento.

Para os mais esclarecidos, lúcidos ou capazes de lerem nas entrelinhas e descodificarem por entre as falsas notícias, os falsos alarmes, o terror institucional e outras manobras, ficou guardado o opróbrio de serem chamados denegridores dos avanços pátrios, e na maior parte dos casos, ficam a falar sozinhos neste deserto com vozes que habitam, incapazes e impotentes de pararem esta marcha silenciosa para o abismo… 

 

 Chrys Chrystello, Jornalista, Membro Honorário Vitalício 297713 [Australian Journalists' Association MEAA]. Diário dos Açores (desde 2018) Diário de Trás-os-Montes (desde 2005) e Tribuna das Ilhas (desde 2019)

 

 


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