Henrique Ferreira
O 25 de abril não morreu
As comemorações dos 40 anos do 25 de abril de 1974 de 1974 demonstraram que os valores da «revolução» já fazem parte da cultura da maioria da população portuguesa. Embora as interpretações apresentem divergências, a verdade é que a democracia parlamentar representativa e os valores de solidariedade, de eleição, de voto, de governo segundo um programa votado pelo eleitorado, de competição segundo regras dominam nas expressões dos portugueses.
A governação segundo um programa votado pelo eleitorado é o tema mais problemático porque os partidos têm fugido ao compromisso social e têm sugerido uma votação no Partido para um mandato livre.
Esta estratégia sugere que os partidos querem um poder absoluto, não limitado especificamente pelo voto popular, mas esse poder é muito perigoso para a democracia porque a distorce e instaura a desconfiança entre cidadãos e governantes.
Outra área problemática é a ainda discricionaridade da administração pública, pouco respeitadora dos direitos protegidos dos cidadãos. Estes olham para aquela como a ainda manifestação do estado autoritário, sobretudo quando os agentes dessa administração abusam dos e ultrapassam os seus poderes.