Batista Jerónimo
O Arrastão
Arrastão, não como uma forma organizada de roubo grupal, presenciado por mim em 1990 na rua de Copacabana, mas no sentido da força do barco arrastão, que não é possível resistir.
É como eu vejo Jorge Gomes (JG) nos resultados eleitorais das autárquicas de 2021 – como candidato à Câmara Municipal de Bragança e como Presidente da Federação Distrital do Partido Socialista (PS), não só pelas três Câmaras perdidas mas, relevo os insólitos acontecimentos em Carrazeda de Ansiães e Vimioso, arrastou tudo e todos para uma vexatória derrota.
JG e a sua táctica para segurar o PS nas suas mãos, de continuar a ser o patrão, de querer ter poder, alimentar alguns dos seus seguidores, impôs-se como candidato e a sua ambição pessoal fez com que Bragança continue à margem do desenvolvimento.
O Secretariado escolheu o melhor candidato, convidaram-no, foram a Lisboa para o PS nacional formalizar o convite mas, fez-se constar que não valia a pena sacrificar o governante porque era impossível ganhar a Câmara. Pressionado e a muito custo reuniu com este candidato e tudo fez para este não aceitar. Usou argumentos pessoais, políticos e materiais, para a sua ambição de ser candidato ficar assegurada. Ao segundo candidato elegido pelo Secretariado, nem o convite chegou a ser formalizado – recebeu de JG: esse! Nem pensar. Numa de desinteressado e irresponsável convidou um candidato que passados quinze dias desconvidou, com o argumento de que Lisboa não o aceitava e que, portanto tinha de ser ele. Para os mais atentos, não surpreendeu, estava consumado o seu querer, a sua fotografia ia ser exposta, o seu ego satisfeito.
Foi uma candidatura que não motivou: por ser a 3ª, por manifesta debilidade física, resquícios da COVID-19, desconhecimento dos problemas do Concelho, ausência de propostas, pouco ou nada disponível, incapacidade de liderar e motivar, acresce a esta panóplia de adversidades alguns dos seus próximos não serem bem vistos no Concelho.
Para dar início ao processo de fazer juntas foi uma epopeia, apostas sobre o número de JF que seria possível fazer eram para todos os gostos, partir para o terreno, nem arrastados.
Os imergentes “opinadores” da estrutura PS, de como e por onde se devia iniciar o processo de candidatura era hilariante, nomes para as listas apareciam à velocidade das “negas”, director de campanha foi o desocupado. Apareceu mais tarde o “treinador”, conhecedor profundo do JG, sabendo que para este era valorizado e aceite incondicionalmente, aquele que conjugasse o verbo fazer na primeira pessoa do singular. Contrariamente ao esperado (ou não) as listas são fechadas, com as pessoas que de alguma forma eram devedoras à “força da natureza”, quanto a mim bem cognominada, sem esta, estava em causa a apresentação das listas à Câmara e à Assembleia Municipal.
A hipótese de director de campanha não passou disso mesmo, embora conseguindo o seu objectivo primeiro – fazer parte da lista à Câmara – que, para isso, teve de afastar da campanha alguns elementos (concorrentes só no seu imaginário) com a cumplicidade do “treinador”, fica a data do inicio da instalação da anarquia, nove de Junho/21, também é nesta data que o Presidente da Comissão Política Concelhia de Bragança deixou de ser ouvido.
Já diz o ditado “o que não custa ganhar não custa gastar”, como não tiveram trabalho a arranjar os candidatos às Juntas de Freguesia (JF), a relação com estes (na generalidade) foi sem conteúdo, mas compensada pela prepotência, arrogância, incompetência e desconhecimento total do que é uma campanha e a importância do que é ser candidato a uma JF no processo autárquico.
Com o desenrolar da campanha o isolamento, a incompetência e a falta de pessoas foi por demais evidente, chegando a ser confrangedor.
Sobre a comunicação da campanha tanto na forma e principalmente nos conteúdos será muito difícil fazer pior. Embora a empresa contratada fizesse o seu melhor mas, não passava no crivo dos mentores e decisores.
O cronograma da campanha ficou na gaveta (pasmem-se: apareceu o organograma). O material promocional desde os desdobráveis,” Flyers”, “outdoors”, telas e brindes, tudo chegou tardiamente, alterados para pior, por quem tudo sabia e ordenava – uma vergonha.
Os dez dias de campanha foi a assunção por parte do “treinador” do quero, posso e mando. Onde andou JG? Onde estava a experiencia? Como é possível tanta asneira para quem era a 3ª vez candidato? Tudo era de somenos importância - ele era o candidato.
No dia 27/09 chegou o agradecimento aos candidatos, teria gostado da atitude, mas, constar neste agradecimento “… devemos sim, pensar no futuro…” ou “… arrastados pela onda laranja…” ou ainda a mais inconcebível imbecilidade “… “…o nosso projecto era bom, para as pessoas, para nós, para todos.” Podemos perguntar que projecto? Desde quanto alguém se candidata a pensar no próprio?
Não, quem tem este resultado não pode ter futuro no partido. Foi mau de mais. Haja vergonha e “encartem a viola”, continuem a ser socialistas, mas na fila de trás, onde não seja possível serem visíveis e a contaminação não prejudique o PS. O tal “projecto” que ninguém conhece foi rejeitado a par do responsável único - Jorge Gomes.
É tempo de novos protagonistas, é tempo de outro PS, é tempo de terminar com os grupos revelados como nefastos e responsáveis pela decadência do PS nos últimos anos, é tempo de um PS único ancorado da diversidade de ideias, mas numa única causa – BRAGANÇA.
Nota: os dirigentes partidários têm a obrigação de prestar contas aos militantes e aos cidadãos simpatizantes e votantes. Aos militantes através da Assembleia Geral e, aos outros, da Comunicação Social.
Nestes ONZE DIAS só silêncio.
Dentro de meses vamos ter eleições internas, Concelhias e Federação, com as mesmas pessoas e com a mesma actuação não podemos esperar resultados diferentes. Como sempre estarei disponível para ajudar a construir uma alternativa que bem pode ter o lema: UNIR - CREDEBILIZAR, - ACREDITAR - GANHAR.
Só um PS renovado, à margem de agendas pessoais, se pode constituir como alternativa e criar melhores condições de vida às pessoas desta região, é essa a causa dos partidos.
Bragança, 06/10/2021