João Pedro Baptista
O COVID-19 e a desinformação online
Há algum tempo que não recorro a este meio para exprimir a minha opinião, mas hoje decidi fazê-lo por uma questão que, há muito tempo, me preocupa, sobretudo desde o despoletar deste surto que nos assola a todos – a crescente disseminação de desinformação online.
A juntar a estes tempos difíceis, de extrema ansiedade, incerteza e de dor, com o número de mortes e de infetados pelo Coronavírus em crescimento constante, como se fosse pouco, a sociedade tem ainda de travar uma luta com uma desinformação maléfica e deliberada a circular nas diferentes redes sociais. Além do momento aflitivo com o qual temos de lidar, somos ainda iludidos e manipulados diariamente com notícias falsas que nos apresentam curas milagrosas, testemunhos falsos de médicos que incutem o medo e se alimentam do pânico e do sofrimento das pessoas, ou com o surgimento de uma vacina 100% eficaz contra o vírus. Infelizmente, estas informações falsas ganham dimensões inimagináveis, são replicadas e partilhadas milhões de vezes e chegam, em alguns casos, a ser mais lidas que as notícias credíveis e legítimas.
Embora este tipo de conteúdos se disfarce de notícia, imitando o seu formato ou padrões jornalísticos, por favor, não alimentem essa indústria fraudulenta com cliques ou visualizações e, sobretudo, não acreditem nas suas informações. Por muito que pareçam fidedignas, nem acreditem, nem partilhem. Saibam que todas as notícias verdadeiras têm pelo menos um autor e os seus factos são sustentados por fontes credíveis. Sabemos, naturalmente, que as notícias falsas circulam nas redes sociais há muito tempo, até porque, infelizmente, o universo digital continua a funcionar através de algoritmos de recomendação que vigiam o comportamento do utilizador e distribuem publicidade programada indiscriminadamente com base em cliques e visualizações, o que torna os criadores de notícias falsas milionários.
Além disso, a pandemia COVID-19 veio fomentar um cenário ideal para as notícias falsas terem sucesso. Porquê? Porque facilmente se cria uma polémica, se acusa alguém, se alimentam preconceitos e medos, uma vez que a sociedade está mais vulnerável a consumir esse tipo de falsidade. Hoje em dia, facilmente se aponta o dedo aos governantes, à Direção Geral da Saúde ou até mesmo aos chineses, alimentando conspirações infundadas. Infelizmente, os nossos jornais de verificação de factos, como por exemplo o Polígrafo, não são suficientes. Muitas das notícias falsas só são desmentidas depois de serem tornadas populares, ou seja, quando já não há volta a dar.
Por isso, o combate desta pandemia também está em mantermo-nos bem informados, selecionando jornais e fontes de informação credíveis que nós conhecemos. No entanto, neste cenário negro, nem tudo é negativo. Felizmente, o jornalismo, em Portugal, do nacional ao regional, está de parabéns, uma vez que muitos meios de comunicação disponibilizaram informação gratuita e de fácil acesso.
Agora, por favor, não se esqueçam, que ao ler fontes credíveis, não só estamos bem informados, como também apoiamos o bom jornalismo numa altura tão complicada.