Batista Jerónimo
O dia depois do dia 6
Em 2015, até uns meses antes do sufrágio, o PS era dado como o vencedor. Com o aproximar do dia da votação (04/10/15) a diferença para o PSD foi encurtando e o PS acabou a perder as eleições. Hoje, podíamos dizer que estamos perante um “déjà vu”, pois o PS há alguns dias estava perto de uma maioria absoluta e à data está a lutar para ganhar.
A estratégia dos partidos, conta muito, talvez mais do que as propostas. Nestas eleições, os partidos à esquerda e à direita, estão preocupados e tentam preocupar os eleitores, com a hipótese de o PS chegar à maioria absoluta. Todos sabem que neste momento está muito difícil para não dizer impossível mas, na verdade é que a ameaça da maioria absoluta, está a render votos a esses partidos e consequentemente a retirá-los ao PS. Mas, fica uma certeza, quem quiser ser Primeiro-ministro com apoio maioritário na Assembleia da República, tem de negociar com BE a não ser que apareça o improvável “bloco central”. Será que o PSD, com a desculpa – antes nós no governo do que o PS, vai negociar com o BE?
O lugar de Primeiro-ministro é eminentemente político, António Costa é e foi só um político. Em Abril deste ano, escrevi, (sob o título “António Costa o Político e o Homem”, que - António Costa o político enredado nas negociações, está a sobrepor-se ao António Costa o Homem, ninguém tenha dúvidas ou o anterior aparece ou o primeiro não vai liderar o próximo governo”, Depois, em 6/3/19 em “Esquerda vs Direita e o Partido Socialista?” - aventei que se poderia formar outra geringonça, mas com outros actores). E, na verdade, com a crispação entre BE e PS, a CDU a saltar fora, o PSD de Rui Rio a encostar tanto à esquerda, podemos vir a ter uma geringonça entre BE e PSD .
Rui Rio é um homem que viveu na e da política mas, nunca perdeu o contacto com o sector privado, assume-se forte com os fortes, “comigo, é para cortar a direito”, está a juntar os “cacos” (leia-se votos) do PSD e vai ultrapassar a barreira dos 30% (até que valor? - só dia 6 vamos ter a resposta).
António Costa, não afastou algumas das caras indesejáveis e “gastas” do aparelho e também não conseguiu afastar os “casos” colaterais à governação. Depois, enveredou pelo “laissez faire, laissez passer”, o pensar que o jogo estava ganho, que o PSD estava desfeito, entre outros devaneios, ainda acresce que não se preparou para os debates, para a campanha e cada dia que passa é só desperdiçar o capital alcançado na governação.
Está o PS condenado a perder como em 2015? - CLARO QUE NÃO. Mas, não basta querer ganhar. Venham as caras novas, as propostas e, os cabeças de lista pelos círculos eleitorais, que se comprometam, com propostas objectivas e exequíveis e o cenário pode manter-se, ou seja, o PS ganhar as eleições.
O debate sugerido por Rui Rio entre os futuros Ministros das Finanças, faz todo o sentido, aliás, deveria ser norma pois, estes quando bons no exercício da sua função, têm tanto ou mais poder que o Primeiro-ministro. Por alguma razão é que “os Centenos” têm estado presentes na campanha. Péssimo é num debate a dois uma cadeira ficar vazia.
A Geringonça que suportou o governo PS, não se pode deixar enredar no acessório (“casos”), deve valorizar o que foi a sua governação, fundamentalmente as reposições conseguidas, apresentar com clareza as suas propostas, e de uma vez por todas, não se envergonhar de governar à esquerda e os Geringonceiros” fazer um pacto de não-agressão, pois o inimigo do povo português, são os que impuseram os cortes, os que clamam pelo diabo.
Tenham sempre presente - o que de bom foi conseguido, nas devidas proporções, à Geringonça se deve.
Baptista Jerónimo