Paulo Fidalgo

Paulo Fidalgo

O futuro de Portugal

O futuro de Portugal não é uma questão resolvida pelo destino e só pode ser resolvida pelos portugueses.

Que fique claro que são os portugueses que precisam de Portugal e não é Portugal que precisa dos portugueses. Se Portugal não for necessário aos portugueses, não haverá Portugal nenhum a queixar-se disso.

Os portugueses precisam de Portugal e por isso o criaram. Não há países desnecessários, porque esses não chegam a existir. É que fundar um País dá uma trabalheira louca, custa muito sangue, muitos sacrifícios e é preciso também uma alta dose de sorte e boas coincidências.

Todos os portugueses ilustres consideraram, em determinada fase da sua vida, que Portugal lhes era mais necessário do que o Mundo inteiro, fosse para morrerem, fosse para verem consagrada a sua razão de vida. Por isso, aconselha-se mais modéstia a todos aqueles que presumem serem necessários ao País, como se eles fossem um bónus de competência e valor pelo qual Portugal tem de pagar o preço da humilhação.

O dilema de Portugal face ao futuro é simples de enunciar: relevância ou irrelevância.

O desafio que Portugal lança aos portugueses também é simples: não há portugueses relevantes num Portugal irrelevante. E não há país relevante com instituições irrelevantes, sejam essas instituições o Parlamento, o Governo, as Universidades, as Empresas, os Bancos e por aí fora.

(texto escrito em 15-12-2003)


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