O meu nome chinês é Jia Shuwen 贾书雯
O meu nome é Ana Cristina Carmo, nasci em Bragança (Portugal) em 1988. O meu nome chinês é Jia Shuwen ( 贾书雯 ) mas podem me chamar Wen Wen ( 雯雯 ), forma carinhosa como aqui na China chamam, principalmente às mulheres, repetindo o seu nome.
Durante toda a minha infância, o lápis e a folha sempre estiveram presentes, o que fez com que o meu gosto e desejo de evoluir no desenho fosse crescendo ao longo dos tempos.
Em 2003/2004 aprendi e pintei ao lado do meu Mestre João Simões. O amor pela pintura a óleo foi crescendo desde então.
Estudei em Bragança na Escola Abade Baçal e os meus estudos secundários foram feitos no curso de Artes Visuais, na Escola Secundária Emídio Garcia, em Bragança.
Em 2006 mudei-me para Guimarães onde estudei arquitetura durante 6 anos, um sonho que tenho desde que me lembro de ser pessoa. Concluí o Mestrado integrado de arquitetura, na Universidade do Minho em dezembro de 2012.
Entre 2010 e 2012 dediquei-me ao estudo e fascínio pela cidade de Berlim (cidade que visitei pela primeira vez no verão de 2010, que logo me fascinou), e pelo seu passado, a sua história e o que isso influencia na cidade, o que possibilitou passar algum tempo na cidade e passar o meu tempo a viajar entre a cidade alemã e Guimarães.
A minha tese de mestrado não podia deixar de ser sobre a cidade de Berlim (na área de Cidade e Território), sob a orientação do Arquiteto Vicenzo Riso.
Um novo entendimento sobre o Muro de Berlim e o seu desenho na cidade de antes, na cidade durante e no redefinir da nova cidade de Berlim.
Assim que regressei a Bragança, em 2012, andei por algumas exposições e tentar mostrar algo não relacionado com arquitetura mas sim pela paixão do desenho. Participei como retratista na Segunda edição da “Expo Trás-os-Montes”, realizada em Bragança, em 2013. No mesmo ano fui convidada a participar na 1º edição da BrigantArte, uma ideia de exposições coletivas que visava dar a conhecer à cidade e ao país os novos talentos da terra, e outras tantas em Guimarães!
Entre 2013 e 2014, realizei o meu estágio profissional em arquitetura na Câmara Municipal de Bragança, debaixo da orientação do Arquiteto João Gradim.
Nessa mesma altura comecei a praticar Karaté Kyokushin-kan… imaginem que eu queria treinar para poder me defender sozinha caso me mudasse para Berlim como tinha em mente. No entanto apaixonei-me por esta arte marcial e hoje não me imagino sem ela.
Terminado o meu estágio na CMB, decidi fixar-me em Bragança e trabalhar na área da arquitetura em Bragança, deixando um pouco a loucura de correr o mundo um pouco de lado.
No entanto, sempre que pude viajei…
Criei o meu próprio estúdio com o nome de Designium – Arquitetura/Arte e Design. Um atelier de arquitetura, mas também uma oficina de artes. Aqui pude fazer algo que adoro, para além da arquitetura, dar aulas de desenho e pintura. Juntei várias turminhas com alunos de todas idades… considero que foi das melhores coisas que fiz até hoje.
Em setembro de 2016, comecei a dar aulas de Desenho de Representação e Comunicação na EPPU Bragança, onde continuei até deixar o país. Mas trouxe comigo um grande orgulho pelos alunos que pude acompanhar.
No entanto, os sonhos ás vezes falam mais alto. Deixei o desejo de correr mundo e pensar algo maior em função do comodismo e do fácil. Após anos na terra natal, comecei a sentir que o mundo era pequeno demais, ou eu era pequena demais e precisava de ver e fazer algo que ainda não tinha feito.
O momento de me agarrar às oportunidades da vida e aos fantásticos sonhos que tinha de viajar pelo mundo e de evoluir profissionalmente tinha chegado. Acordei a pensar na China, em Pequim e em Shanghai.
O mundo faz-me bastante ilusão… Mas o choque que essa ideia iria provocar seria grande, então mantive os pensamentos comigo enquanto procurava uma oportunidade…
E poucos dias depois a oportunidade chegou – ir para Pequim trabalhar.
Comigo trouxe o amor pela arquitetura, pelo desenho e pela pintura, bem como a procura de uma vida saudável e a vida ativa.
Neste momento, trabalho como Arquiteta num atelier, “Zenith”. Estou rodeada de chineses, o que me obriga a estudar afincadamente o mandarim. O meu trabalho permite-me visitar várias cidades, já estive em Shanghai em trabalho, e neste momento estão agendadas outras viagens.
Estou em Pequim há pouco mais de 3 meses, e sinto que as oportunidades que procurei desesperadamente em vão em Portugal ou terra natal, me estão a ser dadas aqui. Para além de trabalhar como Arquiteta, faço ainda uma série de trabalhos que me foram oferecidos pelo simples facto de confiarem em mim…
Mas é isto que o mundo tem de bom, ou é isto que a China tem de bom, afinal de contas, a verdadeira essência de uma pessoa é partilhar os seus conhecimentos com o mundo. Essa é a nossa razão de existência e aqui, para já consigo fazê-lo.
Neste momento estou em Pequim, não sei o que me reserva o amanhã, mas acredito que vou encontrar o meu lugar no mundo e me vou encontrar a mim própria. A verdade é que um país como este, uma cidade como esta torna-nos mais destemidos e aventureiros. O que achamos ser certo e normal, deixa de o ser…
Já viram que se deixarmos de lado tudo o que consideramos ser certo ou universal, o quanto temos para ver e para descobrir?
O que temos por encontrar?…
Ana Carmo
Pequim, China 2018.05.25