Barroso da Fonte

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O Sal da História:

Livro assinala os 31 anos do Monumento aos Combatentes do Ultramar

Há 31 anos foi inaugurado, em Lisboa, o Monumento Nacional que dá nas vistas de quem chega ou de quem parte, por terra, mar e ar. Como e porque apareceu ali, em tão nobre espaço, tão insólito e polémico Monumento que perpetuará, pelos séculos fora, «os melhores de nós todos» que foram cerca de um milhão de jovens, entre 1961 e 1974, nove mil dos quais perderam a vida nas antigas Províncias Ultramarinas?

Impunha-se inscrever na História de Portugal e, para memória futura, o simbolismo desse Monumento, cuja ideia nasceu em Guimarães, em 1984. Em 29 de Janeiro de 1987, a Associação dos ex-Combatentes do Ultramar, que mais tarde mudou o nome para Associação Nacional dos Combatentes do Ultramar (ANCU), dada a adesão ao projeto, teve a ideia de construir o Monumento com as caraterísticas e simbolismo que hoje continua a ter: honrar a memória dos que morrem ao serviço da Pátria, sem esquecer a soldadesca que deixou tudo e todos para cumprir um dever cívico. Ainda hoje muitos milhares dessa geração vagueiam no espaço lusófono da portugalidade, sem a própria compensação que, desde há meio século, lhes pertence. Quem se comprometeu em pugnar por esse projeto humanitário, ainda hoje está lúcido e confiante em tudo o que o previa. E no dia 15 de Janeiro de 1994, há portanto 31 anos, tal projeto universalizou-se no Monumento Nacional aos Combatentes que tombaram ou sobreviveram.A ANCU partiu de Guimarães, berço da Pátria. Mas o projeto seria mais envolvente e chamativo, se concretizado em Lisboa. Para tanto foi convidado o General Altino de Magalhães, um militar distinto que passara à disponibilidade e se inscrevera naquela então coletividade Vimaranense, como sócio comum. Aliado desse sonho, a direção convidou-o para a representar em Lisboa, de modo a influenciar todos os poderes, e com uma garantia valiosa: Manuel dos Santos Conceição, que já era membro e vivia na capital, com disponibilidade, em meios e vocação, para assumir o papel de adjunto e lhe prestar toda a assistência necessária, graciosamente. Garantido esse papel, entre 1997 e 1994, o General dispôs, nesse intervalo de tempo, de transporte, companhia e outras serventias ocasionais. Entretanto, Altino de Magalhães foi, também, nomeado Presidente da Liga dos Combatentes da Grande Guerra. E esse facto bastou para também associar a Liga ao projecto da ANCU. E esse papel foi bom por um lado, e mau por outro. Motu próprio inverteu os papéis. A ANCU, que o convidara para a representar, nunca mais teve o cuidado de a respeitar. Antes acabou por elencar outras oito associações que aderiram ao projeto, colocando a ANCU em 6º lugar e a Liga da Grande Guerra em 3º. Em 1º e 2º duas Sociedades Históricas: a da Independência e a de Geografia.

À data em que a inauguração do Monumento completa 31 anos, já foram publicadas cerca de dez teses de mestrado e de doutoramento. Quase todas (das que conheço) falam da Liga da Grande Guerra, da História da Independência e da Geografia de Lisboa.

É óbvio que todas têm o simbolismo da sua época e futuro. Mas este Monumento não nasceu apenas para encher chouriços, como se diz na província onde nasceram: o fundador da Liga dos Combatentes, João Afonso Faria; Adriano Moreira - autor do discurso da inauguração do Monumento em questão; o general Altino de Magalhães que orientou e presidiu ao processo do Monumento aos Combatentes; e também o autor da paternidade da ideia do Monumento que foi inaugurado em 15 de Janeiro de 1994.

Na próxima quinta-feira espera-se que as televisões públicas, pelo menos, não se esqueçam de dar a este tema o relevo que dão aos desordeiros da ordem pública.Nesse mesmo dia, e pela mesma causa, chegará à praça pública o livro «O Sal da História» da autoria do Doutor Armando Palavras, também ligado ao Transmontanismo.

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