Luis Ferreira

Luis Ferreira

Os caminhos da corrupção

Todos os dias ouvimos falar de corrupção e dos malefícios que ela arrasta consigo e dos protagonistas que tão bem a sabem manobrar como se fossem timoneiros de um imenso barco que apesar de navegar num mar revolto, não se quer afundar nunca.

Por todo o Mundo, os caminhos da corrupção são imenso e têm encruzilhadas terríveis para enganar quem se aventurar sem ter licença para os percorrer. Para conduzir é necessário ter licença, carta de condução e, quem não tiver é apanhado, mais tarde ou mais cedo. Por esses caminhos sinuosos, fluem os que conhecem bem esses meandros e é difícil apanhá-los fora de mão. No entanto, quando são descobertos, esses prevaricadores nem sempre são condenados.

Muito recentemente o Ministério Público concluiu que Sócrates recebeu 21 milhões de euros do GES. Investigações nos caminhos estranhos e um pouco desconhecidos da corrupção ligada à Operação Marquês, uma auto-estrada formidável, levaram à descoberta de imensas encruzilhadas onde encontraram a PT, a Telefónica espanhola e o Grupo Lena, entre outros. Mas, apesar do Ministério Público concluir alguma coisa, nada sai em termos acusatórios contra ninguém. No final todos vão sair ilesos e chegar ao fim da estrada sem culpas formadas, estacionando numa Offshore formidável, bem longe de Portugal.

Mas não se pense que isto se passa só neste belo país à beira-mar plantado. Não. Na Rússia de Putin, prestes a ser escrutinado para nova eleição, ele resolveu fechar o único Instituto de sondagens independente que, por sinal noticiava uma redução nas sondagens e anunciava que havia quem quisesse vender o seu voto pela quantia de 70 dólares. Ao que chega a corrupção! Claro que ele vence do mesmo modo e a Rússia terá de novamente o seu presidente, o mesmo que anexou a Crimeia e se envolveu na guerra da Ucrânia e, possivelmente ainda terá pensado que poderia inverter a História e anexar umas quantas nações vizinhas como antigamente fizeram os seus antecessores comunistas.

Pelas bandas da Alemanha, Merkel anda aflita, não só com os imigrantes, como com as sondagens que mostram o partido anti-imigração como vencedor para a assembleia regional de Berlim. Mais de dois milhões de eleitores pronunciaram-se e a segunda derrota em duas semanas está aí para Merkel pensar como resolver a situação complicada em que está metida. Aqui não há corrupção, mas a ideia de como se poderia inverter estas sondagens, já terá atravessado alguns caminhos sinuosos certamente. E não me espanta nada se ela já não se terá arrependido de ter sido tão tolerante nesta encruzilhada.

Realmente os caminhos da corrupção são imensos, tomam formas variadas e espalham-se por diversas regiões com cruzamentos infinitos. É uma forma de despistar. Todos sabemos os propósitos, os objetivos, até algumas formas de a praticar, mas perdemo-nos pelos caminhos que ela percorre. Enfim!

Como já veio a público, até no Vaticano a corrupção se instalou. O Papa Francisco já tentou fechar todos os caminhos e tirar a licença a quem por eles circulava sem autorização. A criminalidade parece ter diminuído enormemente, mas não terá acabado. A vigília continuada é uma promessa e quem se arriscar está sujeito à pesada mão de Deus. Mas para os que se mantêm na sua mão, sem desvios e sem encruzilhadas, o Papa Francisco agradeceu a sua honestidade. É o caso dos polícias do Vaticano.

Disse que muitos os queriam comprar e elogiou-os por não caírem em tentações e demonstrarem uma enorme honestidade e concluiu dizendo que lhe fazia impressão ver como a corrupção se espalhou por todo o mundo. Pois, e a quem não faz impressão? O que a mim faz impressão é não castigar severamente os que a praticam. Os caminhos da corrupção só acabam quando houver coragem para admitir que são caminhos ilegais e que ninguém por lá pode circular. Quem disser o contrário, é corrupto. Condene-se.
 


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