“Os jovens soldados das oportunidades”
Há toda uma geração, segundo alguns estudos sociológicos, a nascida entre 1985 e o ano de 2000, que tem merecido uma maior atenção pelas aptidões que adquiriram e pela forma como se relaciona com o mundo, com o trabalho, com a política, apelidada como os Millennials.
É importante perceber quais os fatores que influenciaram, para que nos nossos dias, seja considerada como a “geração mais bem preparada”, que certamente terá um forte impacto e influencia, em termos políticos e sociais, no dia a dia, na vivencia das cidades, com as diferentes instituições, com a família, com o mundo do trabalho, com o comércio, com a politica e a vida cultural, na verdade, com toda a nossa civilização.
A nível mundial, houve vários acontecimentos que marcaram profundamente esta geração, como por exemplo : 1) a queda do Muro de Berlim em 1989; 2) a libertação de Nelson Mandela em 1994, que pôs fim na Africa do Sul a um longo período chamado de apartheid, que impunha pela força e pela lei, a supremacia da população branca sobre a população negra; 3) o 11 de Setembro de 2001, com o ataque terrorista às Torres Gémeas em Nova York, inaugurando uma nova “Guerra”, sem campo de batalha definido e, inimigos sem rosto; 4) a crise do sub-prime desencadeada a partir de 24 de Julho de 2007, com impactos negativos em todo o mundo, inaugurando um crise económica que gorou as expetativas de várias gerações, os pais e as mães, os progenitores dos Millennials ; 5) o aparecimento e massificação da internet, das redes sociais, dos telemóveis; 6) os grandes desastres ambientais, como o Tsunami de 2004 ou o derrame de petróleo no México em 2010.
Houve ainda, em Portugal, vários acontecimentos que terão contribuído para a definição das características desta geração, como por exemplo : 1) a entrada de Portugal na União Europeia; 2) a realização da Expo 98, uma exposição que afirmou a abertura de Portugal para a modernidade e para a globalização; 3) o Euro 2004, um evento internacional bem sucedido; 4) a crise financeira de 2007 e, a má governação dos interesses nacionais por parte do Governo de José Sócrates, que conduziu Portugal para além da perda da sua soberania, a uma pré-bancarrota que em 2011 forçou a entrada da TROIKA, após a elaboração de um rigoroso “Memorando de Entendimento”, sujeitando os Portugueses a grandes sacrifícios e, contribuindo diretamente para a emigração de muitos desta geração .
A geração dos Millennials, segundo várias fontes, representa atualmente 1/4 da população mundial, representando em Portugal cerca de 10% da população, isto é, cerca de 2 milhões de pessoas, mas o mais preocupante, é que muitos desses estudos também indicam que em Portugal o interesse dessa geração relativamente à politica encontra-se no ultimo lugar das suas preocupações. É difícil, nas diferentes faixas etárias que este grupo representa, perceber a percentagem dos que fazem parte da abstenção.
Acredito que a conjugação da sua preparação e a própria globalização, que os desafia todos os dias e, a política muitas vezes com uma linguagem pouco atrativa, leva-os a pensar que a Democracia é um dado adquirido ou que a sua participação não fará a diferença.
Provavelmente há uma mensagem, que as gerações anteriores e os atuais políticos, não estão a conseguir passar a esta geração extraordinária, ou seja, no confronto com a globalização, as aptidões e as capacidades adquiridas só são possíveis e, só poderão existir, suportados nas decisões políticas, pelo que, a sua participação e envolvimento, é fundamental, seja até à distancia de um “click” das redes sociais, pois é essencial para a construção do futuro que é todos.
Ninguém escolhe o pais onde nasce e muito menos a região. Reconhecendo que esta geração é a mais bem preparada, é importante que também lhes seja dito, que relativamente às regiões do interior, nas quais o despovoamento se tem acentuado muito nas últimas décadas, a decisão de escolherem ficar, será certamente uma mais valia para atrair a captação de novas empresas que se queiram instalar, porque estas precisam das aptidões desta geração.
São sem dúvida os novos “soldados”, que no mundo global e na verdadeira liberdade que defendemos e acreditamos fazem falta, tão necessários à dignificação da política e da salvaguarda dos valores democráticos.
Dependerá muito desta geração e, da sua participação, que se possa num futuro mais próximo do que longínquo, tornar Portugal, de norte ao sul, do litoral ao interior, a melhor escolha para se viver e trabalhar.
Nuno Moreira