Barroso da Fonte

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Pinto Soares destronou Decano João Ribeiro como decano

Na investigação que tenho vindo a fazer, sabe-se que a web sistematizou o nome do fotojornalista João Ribeiro, nascido em 1925 e iniciando a atividade, como fotógrafo, em 1946, aposentando-se em 1994, com 48 anos de atividade. Depois de aposentado ainda fez alguns serviços menores, em biscatos, até 2007, aumentando para 1961 anos o que somou 61 anos da atividade. Este é somatório para a eleição. Faleceu em 2016 com 91 anos.

Pinto Soares nasceu no mesmo ano de 1925, iniciou mais cedo, em 1940, o seu trabalho no vespertino Diário do Norte e, em 1950, aceitou o convite do bispo D. Sebastião de Resende para fundar e dirigir o Diário de Moçambique. Anos depois Pinto Soares recebeu convite semelhante para repetir a experiência jornalística com um novo diário o Diário de Lourenço Marques. Estas duas tarefas, numa cidade nove vezes maior do que Portugal e com cerca de 28 milhões habitantes, garantiram a Pinto Soares um futuro risinho.

Contudo o golpe de Estado do 25 de Abril de 1974 gerou, lá e cá, e cá e lá, uma crise que favoreceu uns e desfavoreceu outros, sendo o chefe de família numerosa, Pinto Soares um exemplo de perda económica, e profissional, regressou em 1979, com o seu pecúlio reduzido a cinzas e até o prestígio jornalístico, profissional,cultural e moral pelas ruas da amargura. O seu capital material, psíquico e social evaporou-se, tendo que recomeçar, em circunstância indescritíveis e em ambientes totalmente adverso.

Até o seu saber, as suas valências, a sua dedicação ao gosto de enobrecer a função e o seu ego deixaram de competir. O remédio foi recomeçar na área em que sempre se sentiu como o peixe na água. E até desapareceu do seu cadastro vitorioso o mediatismo, nomeadamente o tempo de serviço profissional que reverteu a favor, neste caso concreto, ao seu coetaneo João Ribeiro até morrer, um ano mais tarde. Conclusão: Pinto Soares trabalhou 10 anos antes de ir para Moçambique; aí 28; depois de regressar mais, 36 anos no jornal que fundou e ainda se edita, com o filho João à cabeça, ainda que menos mediática, em Portugal.

Regressado, como milhares, pelas razões políticas que se conhecem, fundou e dirigiu, durante 36 anos, o Jornal de Matosinhos. Entre o regresso de Moçambique e a fundação do seu próprio jornal, em 1981, trabalhou em vários jornais durante cerca de três anos. Faleceu em 2017, com 92. anos. Nascendo no mesmo ano e tendo ambos a mesma atividade, nunca se averiguou qual deles deveria ter sido o decano. Ambos se dedicaram à mesma função, e ao mesmo tempo,sem sonharem com esse título. Só por morte do próprio, o decano seguinte será surpreendente.

Apelo aos mais curiosos, por este tema visto que, como diz o povo, «não aquece nem arrefece». O atual diretor do Jornal de Matosinhos acaba de completar 43 anos e com uma atuação pública irrepreensível. Escreveu que o Pai, já em vida, se considerava, o decano dos jornalistas. Pessoalmente conheci os dois e procurei imitá-los. Catorze anos mais novo do que eles, honro-me em ser o seu substituto apenas no epíteto. Só dia 23 de Junho, deste ano, tive a informação, pelo JN, de que o cargo se conquista por dedicação, quase exclusiva , pela fidelidade, pela arma de combate social e pelo instrumento de trabalho. Esta arma de combate, incomoda alguns, entretém muitos que ficam insensíveis, mas denuncia outros que estão atentos aos atrevidos; e que, em nome de liberdade, da justiça e da paz social, se oferecem, correndo riscos, para cumprirem o papel daqueles que se auto-proclamam «donos disto tudo». Sem se aperceberem de que os aforismos, são axiomas filosóficos consagrados pela sabedoria popular.

Como não saiu do país e esteve ligado aos órgãos mais importantes, ora como fotógrafo, ora como jornalista e se criou, por essa altura uma espécie de sindicato comum para as duas valências (escrita e imagem), acabou por ter o 1º cartão e ser homenageado pela classe.

A ligação às publicações mediáticas e o mediatismo da imagem que criou a proverbial expressão: vale mais uma boa fotografia do que mil palavras, deve ter funcionado, no tocante ao período entre 1925 e 2017, relativamente à consagração do decano dos jornalistas portugueses. Sem se aperceberem de que os aforismos, são axiomas filosóficos consagrados pela sabedoria popular. Todos aqueles que se prezam, em relação à língua mátria, sabem que o povo é o mestre da língua. E sabemos todos que a socialização «está relacionada com a assimilação de hábitos culturais, bem como ao aprendizado social dos sujeitos. Isso porque é por meio dela que os indivíduos aprendem e interiorizam as regras e valores de determinada sociedade». O jornalismo é uma profissão, ou arte de dialogar que convencionou chamar decano ao jornalista mais antigo em atividade. As regras são intuitivas, não têm códigos, regulamentos, direitos ou deveres e esses palavrões conquistam-se pela prática, ao longo dos tempos em que se vive. Têm - isso sim - o código de todas profissões. Neste caso objetivo é: formar e informar.

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