Batista Jerónimo
Presidenciais e o PS
… Barões do PS em fim de carreira, olham para a eleição de Ana Gomes como a sua inviável candidatura…
A democracia está a funcionar e a solidificar-se, pois o contributo para os cidadãos serem motivados a votar, também passa pelo alargamento de escolha, pelo sentirem-se representados na forma de estar e ser e, livremente poderem fazer escolha do candidato que melhor os representa.
Por ordem cronológica, eleitos em democracia, tivemos bons Presidentes da República (PR): Ramalho Eanes, Mário Soares, Jorge Sampaio. Depois seguiu-se Cavaco Silva que veio manchar o exercício do cargo. Agora temos Marcelo Rebelo de Sousa que ainda não percebeu o papel de PR, talvez pelo seu passado de comentador ou por ter como “miragem” ser o PR mais votado.
O PS pela “aragem” prepara-se para repetir erros passados, seja com Manuel Alegre vs Mário Soares (2005) ou Sampaio da Nóvoa vs Maria de Belém (2016), mas para as presidenciais de 2021 o erro é significativamente maior porque não está (até ao momento) a decidir-se enquanto partido (os militantes de base já decidiram) apoiar uma candidata da sua família política ou um candidato (ainda não anunciado) de uma família ideológica distinta e em que esse candidato já mostrou que não está preparado e sem porte para exercer a incumbência.
Com esta dicotomia e falta de lucidez o País deixou de ter PRs oriundos da esquerda democrata, defensores da liberdade, da igualdade de oportunidades, solidariedade e vanguardistas.
Os tacticistas (ou taxistas, o PS não está imune) “controlam-se” mutuamente para não perderem espaço, não perder posição, para depois (políticos profissionais) se posicionarem na grelha de partida daqui a 6 anos: vergonha.
Para os simpatizantes, militantes e defensores de valores comuns à esquerda (porque na segunda volta os votos da esquerda vão ser agregados) é fácil votar em Ana Gomes, ao longo da sua vida foi e será com certeza uma mulher de causas e incorpora o lugar de estadista.
É consensual que o maior problema de Portugal está na corrupção. Temos tido e temos corruptos em todas as forças políticas do arco da governação (nas outras não são tão visíveis), se é verdade que o PR não tem responsabilidades executivas (MRS imiscuiu-se demasiadas vezes na governação) é o cargo mais alto da magistratura Portuguesa e a sua palavra tem muito peso. Então, porque é que nada fez para dar tolerância ZERO a este flagelo? Vai ser a promessa eleitoral? Não podemos aceitar que quem esteve CINCO anos no poder e nada fez, acreditar agora, que no próximo mandato é que vai ser.
Os Barões do PS em fim de carreira, olham para a eleição de Ana Gomes como a sua inviável candidatura pois, a idade de alguns, não lhe permite esperar pelas eleições de 2031 e no que se refere a alguns desses, ainda bem ou sujeitava-se o PS a destronar o detentor do troféu do pior PR em democracia.
A manterem o silêncio os que mandam ou agem como proprietários do PS vêm mostrar que o que os move é a sua sobrevivência política e não o interesse público que proclamam.
Pobre PS quando o carreirismo é tão evidente.
Todo o colégio eleitoral deve ter presente que na eleição para o PR todos os votos contam e a segunda volta é garantida se nenhum dos candidatos tiver 50% +1 dos votos expressos na primeira volta.
Bragança, 11/09/2020
Baptista Jerónimo