Batista Jerónimo
Presidente da República (PR),25 de Abril e Assembleia da República (AR)
Entendia eu, não mudei de opinião, que o PR, Primeiro-Ministro, Deputados e outras figuras, ao celebrar o 25 de Abril, dos seus locais de trabalho, estariam a interpretar e a mostrar na prática que também eles são Povo, são Professores, Alunos, Trabalhadores e, como estes, a utilizar as ferramentas disponíveis. Seria PROFILÁTICO, PEDAGÓGICO e RESPONSÁVEL, sabendo que o aprendizado por Modelagem é geralmente mais profícuo.
Por tal decisão, não estranhei que o PR passa-se 2/3 do tempo a justificar a importância de celebrar Abril na AR, mas: cravo Vermelho na mão e não na lapela!
No seu discurso longo e sem grandes alusões ao feito histórico e às conquistas alcançadas, que têm de ser perpetuadas, reforçadas, trabalhadas e actualizadas, não podem ser conquistas efémeras, pois a Democracia ainda é o sistema político de todos os conhecidos o mais justo, equitativo e respeitador dos direitos humanos.
Alguns jovens, por não ter vivido em ditadura, vêm opinar (o que não era possível no antes do 25 de Abril) que esta data não lhes diz nada, que é uma data sem importância e que está na hora de deixar de ser invocada. Jovens de hoje, homens de amanha, é principalmente por Vós e pelas gerações vindouras que esta data e as suas conquistas devem ser exaltadas. Possivelmente o Ministério da Educação tem de reforçar o estudo, nalgumas disciplinas de sistemas políticos com ênfase nas ditaduras (esquerda ou direita) contrapondo com a democracia. Retomando o discurso do PR, numa determinada parte, torna-se adivinho e garante que o 10 de Junho, 5 de Outubro e 1º de Dezembro seriam evocados (1ºde Maio, 1º de Novembro e 25 de Dezembro não mereceu a sua atenção). Mais adiante, como o discurso foi passado a pente fino, assume-se que, não foi engano quando diz “… quanto maiores são os poderes do governo maiores têm de ser os poderes da AR para o controlar”. Desde quando a AR controla o Governo? Na Constituição actual: fiscaliza. Resquícios do seu passado, onde convivia muito bem com os senhores que se alimentavam na ditadura?
Depois, aqui deve ser incapacidade minha, pois tenho dificuldade em entender que se refira ao feito da “… expansão marítima” e evoque o 25 de Abril que uma das bandeiras (ou uma das causas) é precisamente a descolonização, terminar com a guerra. A consequência da “expansão marítima” foi a colonização (simpática e respeitadora dos povos autóctones, quando comparada com outros). A consequência e/ou a causa do 25 de Abril foi a descolonização. Dicotomia ou simplesmente abrangência? Não é novidade a atitude de “cata-vento”.
Falta, ao 25 de Abril de 1974 a conquista efectiva da igualdade de direitos.
Com discursos destes bem que podemos adaptar o refrão “… sobe, sobe balão sobe, vai pedir aquela estrela que o CHEGA não suba mais …”
Bragança, 29 de Abril de 2020
Baptista Jerónimo