Ana Soares
Princesas sem complexos
DEDICO este texto a todas as princesas, qualquer que seja a sua idade, que não temem rótulos ou designações, na certeza que Princesas ou Padeiras de Aljubarrota, Advogadas ou Canalizadoras, Engenheiras ou Operadoras de call center, desempregadas, estudantes ou com qualquer outra profissão ou actividade, sabem que o importante é o que são e como que valores vivem a vida.
AGRADEÇO a possibilidade de escrever este texto, com plena liberdade, a todas as mulheres que durante séculos não temeram ser tratadas de forma carinhosa mas sim – e de forma determinante – se revoltaram e manifestaram contra os mal-tratos de que foram vítimas e que, de qualquer meio, as diminuíam.
LAMENTO, que numa temática em que, o mais importante deveria ser a questão de saúde pública, que o sistema tenha vergado perante uma campanha de (in)capazes e que o filme anti-tabágico tenha sido retirado do Portal de Sistema Nacional de Saúde. Entristeço-me até por quem, tendo visto todo o filme – como eu – não ficou tocado com a mensagem do mesmo e o diminuiu a um chavão sexista. Eu, Mulher e Mãe, que trata por Princesas as suas Filhas e que não se importa também de assim ser tratada, confesso que nem tinha dado particular relevância a esta designação no fim do filme, mas sim à mensagem dura e verdadeira que o mesmo transmite – de forma eficaz, no meu ponto de vista – dos malefícios do tabaco e da importância de não fumar.
ENTRISTEÇO-ME com uma sociedade que dá palco a quem considera uma campanha como a “uma princesa não fuma” “misógina e culpabilizante das mulheres” e que diz que o problema é exactamente que tanta gente chame de “Princesas” a quem ama. Porque toda a gente tem direito à sua opinião e a expressá-la, claro, mas é revelador o palco que estas posições alcançam… E, pior ainda, que lhes seja dado o poder de comissão de censura e que sejam retirados de circulação os documentos/trabalhos que são marcados com o lápis vermelho.
HOMENAGEIO todas aquelas mulheres que sabem o que realmente querem da vida e os valores pelos quais vale a pena lutar! Que não procuram protagonismo à custa de falsas questões e querem impor um discurso politicamente correcto, bacoco e radical. Mulheres que valem pelo que são e não dizem lutar pelo preconceito sendo, elas sim, preconceituosas.
DESEJO que as novas gerações – onde incluo as minhas Filhas – nunca temam ser rotuladas de preconceituosas ou sexistas por tratar cada um dos sexos como diferentes que (felizmente!) são, sem medo de assumirem e chamarem a quem amam nomes carinhosos e, sobretudo, nunca deixem que modas que vingam socialmente as vençam por ignorância.
APELO aos homens que lerem esta crónica, que percebam a ironia de, ao logo da mesma, me dirigir ao público feminino. Porque há questões que de tão surreais que são, não podem ser tratadas de outro modo.