Teresa A. Ferreira
Quando os Presidentes da Câmara assobiam para o lado
A 08-07-2021, escrevi a crónica Agrochão - Murçós: a estrada da penitência onde reinava a falta de bom senso entre os autarcas de Vinhais e Macedo de Cavaleiros, no que concerne ao alcatroamento de 6 km de estrada para ligar a localidade de Agrochão (Vinhais) a Murçós (Macedo de Cavaleiros).
Tendo em conta que, até à presente data, não houve qualquer desenvolvimento do caso, volto a apelar aos Srs. Autarcas:
- Repensem nesta estrada a bem dos munícipes - são só 6 km para alcatroar!
Deixo-vos com a crónica de 08-07-2021, que continua bem atual.
Alguns leitores, das minhas crónicas, alertaram-me para algo que, a meu ver, é inconcebível - a não existência de uma estrada em alcatrão entre a aldeia de Agrochão, Vinhais e a aldeia de Murçós, Macedo de Cavaleiros.
Pedi informações detalhadas para perceber e contextualizar a situação.
De facto, as populações de Murçós e Agrochão têm razão neste alerta.
Murçós e Agrochão são aldeias vizinhas, contíguas, e para os habitantes irem de uma à outra localidade - suprirem as necessidades mais básicas -, têm de percorrer 23 km, para cada lado - veja a fotografia retirada do Google Maps -, quando uma estrada de +/- 6 km resolvia a questão, se houvesse boa vontade de quem de direito.
As autarquias de Macedo de Cavaleiros e Vinhais andaram afincadamente a lutar por uma ligação por autoestrada a Espanha, e não são capazes de efetuar uma estrada simples, de meia dúzia de quilómetros, para servir a população que está tão esquecida.
Existe um caminho de terra batida, a ligar estas duas localidades, mas, por motivos óbvios, não é aconselhável fazê-lo.
Telefonei ao Sr. Presidente da Câmara de Vinhais, com o intuito de perceber o enquadramento da situação e saber se tinha algo de concreto para me dizer. Infelizmente o que existe é um entendimento entre as duas autarquias de que a estrada é necessária, mas não passa disso, boas intenções.
Sendo as duas autarquias – Vinhais e Macedo de Cavaleiros - comadres do mesmo partido político, esperava-se que, há muito, tivesse surgido um entendimento e a obra já estivesse pronta a usar. Estamos perante uma questão de sensatez, equidade e promoção do bem-estar das populações.
A crescente desertificação do interior transmontano deve-se à falta de sensibilidade dos órgãos de gestão autárquica e nacional, ao não implementarem políticas públicas que incentivem à fixação das populações e apoiem a natalidade para quem assim o entender.
Este simples caso de duas aldeias esquecidas no interior transmontano, em que Murçós não tem mercearia nem posto de combustível, necessitando a população de se deslocar a Agrochão, faz com que as pessoas tenham vontade de abandonar a terra.
Vejamos: o comércio de Agrochão só tinha a ganhar com os vizinhos; e as pessoas de Murçós eram servidas dos bens de que necessitam.
No atual contexto, a população de Murçós pensa duas ou três vezes antes de ir às compras. O preço do combustível está pela hora da morte.
É pena que os autarcas andem distraídos com outras coisas...
Texto:
Ⓒ Teresa do Amparo Ferreira, 08-07-2021
Imagem colhida no Google Maps: percurso entre Murçós e Agrochão