Não pretendo, nesta crónica com claro e confessado tom de desabafo, escrever sobre a chaga aberta que são os incêndios. Não sei o suficiente sobre como o evitar e há - basta ligar a televisão para o perceber - inúmeros (pseudo) especialistas no assunto. No entanto, grita o senso comum que importa fazer mais e melhor, quer em termos de prevenção quer de combate.
Mas não é quando se está a dar a catástrofe que se deve planear a estratégia de fundo. Há, claro, que melhorar o que está a correr mal e definir novas estratégias para o que de novo surge no terreno, mas não é em pleno verão que se definem as políticas florestais ou os meios de combate a incêndios. Ou não deveria ser.
No entanto, o que mais me tem indignado é a politicazinha que se vê fazer nesta época. Políticos locais e nacionais discorrem sobre o tema nas redes sociais e na comunicação social. Há que discutir opções políticas e nomear quem é responsável, sem dúvida. Mas isso nada tem em comum com a politicazinha triste e populista que apenas tenta sacar uns quantos votos numa altura de claro e profundo sofrimento. Procurem-se soluções e exponham-se os problemas, mas não apareçam virgens ofendidas e D. Sebastiões em época em que o fogo não dá tréguas. Até porque, sempre ouvi dizer, quem brinca com o fogo… queima-se!
