Batista Jerónimo
Ser Militante ou não ser“ eis a questão!
A política partidária, tem contornos enviesados, aliás como qualquer agremiação com órgãos colegiais, daí que se utilize muito - eu não voto no A mas, voto contra o B.
Numa minha adaptação a uma frase que penso ser do Imperador Romano Tibério, na qual, infelizmente é evidente em várias situações e que a mim nunca me serviu de orientação: “em política não há nem aliados, nem inimigos, existem interesses”.
Aliás, nas eleições autárquicas é uma constante escolhermos o mal menor, e a consequência deriva da cobardia daqueles que não se filiam nos partidos, porque querem manter a sua independência! Coisa mais estúpida e anacrónica. Queiramos ou não, são os partidos que nos governam, são eles (um, dois ou no máximo três militantes) que nos colocam a eleição, pessoas sem passado ou até com um passado nebuloso, impreparados, inexperientes, de idoneidade duvidosa, claro que não serve para todos, mas serve fundamentalmente para os “profissionais” da política.
Para aqueles em que a política é um elevador económico e social. Económico porque na sua actividade profissional, quando a tem, a remuneração é valorizada, com isto não só não quero pertencer ao grupo dos que acham que os políticos ganham muito, mas sou, neste caso do lado diametralmente oposto. Os políticos, ou melhor, aqueles que exercem actividade política têm de ser melhor pagos, não para deixarem de ser corruptos (vem da pessoa), mas para atrair bons e competentes quadros. O elevador social, porque adquire um estatuto aviltado da condição de servidor dos eleitores e passa a ser o inverso – o patrão. Inconcebível.
Os partidos do arco do poder (PS e PSD) quatro a cinco centenas de militantes destes, só duas a três dezenas fazem o exercício obrigatório da condição de ser militante, provavelmente do último grupo só uma dezena é que leu os estatutos, onde está vertido a ideologia que rege os partidos. Depois temos Concelhos em que militantes inscritos, são entre três a quatro dezenas. Concordamos que é muito fácil, dois ou três militantes imporem o seu querer, o seu interesse.
Façamos agora um exercício para alterar este estado, não termos de escolher entre o mal menor, ponderem se em vez de haver dezenas ou, centenas de militantes, houvesse milhares. Seria possível os tais “guichos” controlarem um partido?
Se os partidos são o garante da democracia, no estado actual, são o assegurador do elevador económico e social dos incompetentes e até, porque não afirma-lo de alguns seres maléficos à sociedade.
Atentem àqueles que exerceram cargos políticos “para servir o povo”, quantos deles estão em regime de voluntariado em IPSS ou afins. Ficamos com a dúvida, ou a certeza, de que eles estiveram a servir ou a servirem-se do povo?
Então, estaremos perante uma ditadura dos partidos? Ou, de dois ou três espertos que controlam o partido localmente?
E, se não houvesse a ditadura dos partidos, não seria a ditadura do poder económico? Sim, porque as campanhas só estariam ao alcance de alguns.
Deste discorrimento, podemos concluir que se temos maus políticos e más políticas a nós (os tais independentes) o devemos, por comodismo e preconceitos. Não deixemos as decisões que mudam as nossas vidas nas mãos dos outros.
Leia os estatutos dos partidos políticos, faça-se militante, decida a orientação que quer dar à Freguesia, ao Concelho, ao País à UE.
Eu, sou militante do PS, porque me revejo na ideologia plasmada nos estatutos.
Baptista Jerónimo, 26/10/22