Batista Jerónimo
SIM à Floresta - Não aos Incêndios
Um Incêndio é uma tragedia, uma fatalidade, é como uma sentença a que estamos condenados, sabemos a época da ocorrência, é anunciada, é esperada, faz-se a preparação e decreta-se o início, assim como o fim pelo calendário gregoriano, levando em atenção o histórico. É verdade que o flagelo é mais propício e com maior incidência de Maio a Setembro, não é menos verdade, que o clima é o grande responsável pela época da deflagração dos incêndios.
Fazem-se comparações com anos anteriores, se a área ardida é menor, os governantes cantam vitória se a área ardida é maior, a oposição pede responsabilidades. Fala-se em prevenção, no entanto a centralidade é o combate. De ano para ano, são alocados mais meios (humanos, aéreos e viaturas), maior envolvimento de organismos e reforça-se o orçamento.
Houve e vai haver sempre incêndios, seja fogo posto, que ocorre pela acção voluntária, dos pirómanos, (tal como outros delinquentes, não é possível irradiar) de supostos empresários (pastores, caçadores, madeireiros, aluguer de máquinas, alimentação, …) que pensam vir a ter ganhos, chega-se ao absurdo de por em causa os homens da paz. Neste tipo de fogos, o desencorajamento, passa por melhorar a vigilância acompanhada de punição exemplar.
Os fogos por negligência, são mais fáceis de corrigir, basta evitar os comportamentos susceptíveis de causar ignição, para tal, disponibilizar mais e melhor informação, formação (manipulação de máquinas potenciadoras de ignição) e fiscalização.
Para haver menos fogos, seja posto ou por negligência, é imperioso dificultar a ignição, reduzir o combustível e facilitar o combate. Temos de olhar para a natureza, enquanto mundo rural, natural, físico, adaptado (agricultura, silvicultura, Floresta) e todo o ambiente na harmoniosa convivência global e seus equilíbrios.
Em Portugal temos muitas matas (conjunto de vários tipos de arvores autóctones sem ordenamento - com obrigatoriedade de intervenção para passarem a floresta) e florestas com preponderância do pinheiro e eucalipto.
Sabemos que as parcelas de terreno, na maior parte do País, são muito pequenas, o que inviabiliza iniciativas individuais de investimento. Pensar em emparcelamento, associativismo ou cooperativismo não é aconselhável, vem à lembrança a reforma agraria e as unidades produtivas, com a respectiva conotação partidária.
De possível aceitação é os proprietários, com o patrocínio do Estado e/ou autarquias, juntarem as suas parcelas de terreno, criarem uma empresa, seja privada, pública ou mista, com capital social disperso em ações (cada uma ter o valor de X m2), para florestar e administrar. Onde seriam privilegiadas as espécies autóctones. Partindo para este modelo de negócio, o pequeno proprietário continuava a manter a pertença da propriedade e fundamentalmente os laços afectivos. Com as seguintes vantagens:
- Retira custos de manutenção aos proprietários (limpeza)
- Rentabiliza as propriedades a médio e longo prazo
- Reduz significativamente a probabilidade de incêndio
- Melhora o ambiente criando riqueza
- Contributo importante na gestão da caça
- Contribuição para o desenvolvimento de cogumelos
- Protecção e preservação da biodiversidade da fauna e flora
- Contribuiu para a retenção da água no solo
Nota: Pelo que investiguei os subsídios actuais para projectos de florestação, seriam suficientes para estas empresas serem viáveis.
Saliento, com satisfação que, independentemente da área que venha a arder este ano, o investimento em limpeza de terrenos e beiras de estrada, não tem comparação com anos passados.
Mas, enquanto houver matas e terrenos abandonados haverá incêndios.
Baptista Jerónimo