Batista Jerónimo
Tempos difíceis avizinham-se que nem os Milhões da UE vão evitar.
Tal como a Chanceler Merkel ajuda os seus clientes, também os contribuintes, têm de ser ajudados: ajudá-los nesta fase é garantir contribuições futuras.
A Chanceler Merkel na companhia de Macron e Ursula Von Der Leyen, anunciou a distribuição de dinheiro pelos países da UE cabendo a Portugal qualquer coisa como 15,5 mil milhões a fundo perdido e 11 mil milhões a taxa de juro aceitável, a partir de Janeiro/21.
Que a UE tinha de tomar uma posição era sabido, as razões para Merkel mudar de opinião é que só mais tarde as saberemos. Algumas prováveis razões:
- Dado que se vai recandidatar, não querer ser a coveira da UE.
- Um País rico e poderoso, com uma economia a crescer a bom ritmo disponibilizar-se a criar, reforçar e alargar a integração na UE, para ter uma moeda que fizesse frente ao dólar, reparamos que nunca esse desígnio está mais evidente do que actualmente.
- Outro dos propósitos, da criação da EU, foi criar um mercado para fazer frente ao da China e dos EUA, neste pressuposto, estamos de acordo que em tempo algum, a China foi tão poderosa economicamente e que nunca investiu tanto em compras não olhando à geografia.
- Também, se recuarmos no tempo, aquando da primeira negociação da PAC, quando foi o enterro da nossa agricultura, nos anos seguintes a Alemanha, “obrigou” a financiar a compra de tractores, como nunca tinha acontecido, estes, chegaram a Portugal às carradas (um de vários exemplos).
Então, podemos retirar a conclusão que não será propriamente uma ajuda aos Países, mas aos seus clientes. Ou seja, se os maiores clientes estiverem com dificuldades, para onde a Alemanha vai exportar? Tem sempre a China (recomenda a boa gestão que não devemos ter dependência de um cliente) razão pela qual nunca se disponibilizou a criar barreiras de entrada aos produtos na UE.
Esta teoria ganha credibilidade, se atentarmos aos objectivos estratégicos, depois da aprovação da UE (leia-se Alemanha), para aplicar o dinheiro a fundo perdido: “transportes ferroviários; infraestruturas portuárias; gestão de recursos de água; competências digitais das pequenas e médias empresas; reforço do investimento no sistema nacional de saúde (tanto em equipamentos como em recursos humanos); reconversão industrial; recursos endógenos; coesão territorial ou transição energética.” Objectivos divulgados pelo responsável António Costa Silva.
Posto isto, as empresas do Interior, vão ter muita dificuldade no acesso ao dinheiro a fundo perdido, ou seja, vamos presenciar falências, deterioração dos empregos, desemprego, perda de rendimento, pobreza, de uma forma mais abrangente a economia regional e consequentemente as pessoas vão passar as “passas do Algarve”.
Quem conhece os transmontanos, os nativos, sabe que não aceitam fatalidades e muito menos baixam os braços, sabe ainda, que os problemas tornam-se num desafio a ultrapassar. É assim que temos de continuar a enfrentar o futuro incerto, difícil e de sacrifícios, com determinação e motivação suficiente para daqui a alguns tempos podermos afirmar: ganhamos.
É tempo de cada um e de todos juntos assumirem responsabilidades, ninguém vai conseguir sozinho ultrapassar esta adversidade, pelo que os autarcas e o Governo devem justificar o seu propósito.
Nota: Sou europeísta convicto e defendo o caminhar para uma federação de estados.
Bragança, 05/06/2020
Baptista Jerónimo