Chrys Chrystello

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Teorias da conspiração e eleições

Crónica 434 teorias da conspiração e eleições 17.1.2022

 

Há países com aparências democráticas e voto popular como a Rússia, onde o sagaz Putin se liberta de todo e qualquer adversário ou oponente pelos meios mais diversos, chá envenenado, ajuda em autossuicídio, e mil e um truques próprios dos filmes do 007. Outros países têm, sistematicamente, as eleições da ordem sob a suspeita de serem manipulados os resultados, outros têm resultados à medida como nos EUA onde todos se compram e se vendem, e há uma imensidão de países sem eleições democráticas que são uma chatice e só dão problemas com a populaça.

Claro que em poucos países haverá eleições livres, democráticas, justas e equitativas, qualquer que seja o significado desses termos, embora houvesse sonhadores (como eu) que em 1974 pensassem que iríamos ter esse modelo no país. O certo é que a maioria da população que ainda se interessa pelo tema (50% abstém-se e nada liga nem vota) está convencida de que ao votar em a, b, c, ou x, y, z está a votar neles para governarem, ignorando que qualquer um deles está sujeito aos mandamentos da santa madre europa, e esta sujeita-se aos grandes oligopólios da banca, alta finança, lóbis e dos donos disto tudo, pelo que a ação dos eleitos é um fogo fátuo ou um teatro de sombras wayang kulit como vi e Bali em que os espetadores apreciam a teia intrincada de situações que se desenrola em frente ao lençol branco e retrata cenas doutras eras. Na realidade os políticos em que votamos têm menos liberdade para decidir do que nós nas nossas casas, tantos são os constrangimentos legais e financeiros a que estão sujeitos de forças externas ao país.

As campanhas que, exceto o facto de serem televisionadas, pouco diferem das feiras do século XIX e dos vendedores de banha da cobra do séc. XX limitam-se a um chorrilho de promessas impossíveis e inviáveis na tentativa de seduzir os incautos e crentes e que se repetem a cada quatro anos… (género: não fizemos nesta legislatura mas na próxima é que vai ser). Na maior parte dos casos os problemas estruturais do país nem sequer são abordados ou são-no muito levemente como a chuva ou a neve que chama por mim…

Depois há peculiaridades como a de existirem 236.657 residentes dos quais mais de 220 mil são votantes, sem descontar mortos, emigrados e outros ausentes que assim contribuem para engrossar os fundos que os partidos recebem do Estado.

Dito isto votar não só é um direito como um dever, os abstencionistas não sabem que favorecem os maiores partidos e o medo covidesco não deve deixar ninguém em casa. Votar é a única forma que temos de contribuir para quem nos vai governar ou desgovernar. Depois não se queixem.

Two wayang kulit - Bali, Indonesia, c. 1980

Chrys Chrystello, [email protected]

Jornalista, Membro Honorário Vitalício nº 297713

[Australian Journalists' Association - MEEA]

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