Todos, todos, todos. Hoje o mundo chora a morte de um Homem extraordinário, o Papa Francisco. Católicos e não católicos, todos se juntam em pesar pela morte de um Homem que evangelizou pelo exemplo e que usou a palavra para dar asas ao paradigma da Igreja que acreditava ser a necessária para, em si, abraçar e acolher o mundo. Francisco, com a sua simplicidade e sorriso fácil, conquistou fiéis pela proximidade e por romper tantas vezes com o silêncio em temas sensíveis e divisores. Hoje partiu um Homem que o mundo respeita e um Homem de oração.
Todos, todos, todos. Francisco defendeu maior abertura da Igreja. Sem colocar em causa nenhum dogma, alterou ritos e impeliu a Igreja a ser ainda mais aberta, mais fraterna, mais inclusiva, mais acolhedora. Muitas vezes o Papa Francisco dizia que, tal como Cristo, a Igreja não pode desistir de ninguém e por isso chamou tantas vezes atenção para o problema das migrações.
Todos, todos, todos. O Papa apelou à paz em todo o mundo, ofereceu-se como intermediário em negociações para o fim de conflitos e reforçou preocupações de sempre da Igreja, mas introduziu também novos como a ecologia e a economia, insurgindo-se contra populismos emergentes. E é pela inclusão, pela simplicidade do Evangelho e do próprio Cristo, pela sinceridade e por este apelo a que ajamos diferente, que todos temos que estar também atentos a aproveitamento de quem se afirma católico e bate no peito mas, em vez de agregar, desune; que em vez de criar caminhos de humanismo, investe em segregação; que não ajuda, mas marginaliza.
Todos, todos, todos. Os últimos dias do Papa Francisco traduzem a visão agregadora e construtiva que defendeu. Se teve um encontro com JD Vance, Vice-presidente dos EUA, fez questão de visitar uma das maiores prisões de Roma, pelo que nos impele a que todos sejamos pedras vivas da Igreja, estejamos em que fase da nossa vida estejamos, tenhamos feito da nossa vida o que tenhamos. Porque a inclusão e a agregação não são palavras vazias mas é nisso que se tornam quando nós, católicos, não replicamos os valores católicos em cada dia das nossas vidas.
Todos, todos, todos. Chamar verdadeiramente implica alegria e abertura, viver o que se discursa. Na Universidade Católica Portuguesa, o Papa Francisco referiu uma das frases que para sempre marcará o seu Pontificado: “Substituam os medos pelos sonhos. Não sejam administradores de medos, mas sim empreendedores de sonhos”. O Papa Francisco ajudou a aprofundar as raízes de uma Igreja de missão, não fosse a alegria missionária. Um Papa que, tendo sido eleito aos 76 anos, soube sempre ser próximo, ser corajoso e reformativo, ter espaço para todos, mas convocar de forma particular os jovens, a quem falou sempre de forma simples e a quem sabia que caberia construir o futuro.
Todos, todos, todos. O Papa Francisco abriu caminhos de Fé, rasgou portas e janelas para que todos recebessem esperança e pediu à Igreja para escutar o seu povo. Uma Igreja próxima, aberta, que chama e acolhe. Um Papa que incentivava cada um a ser como é, mas a perceber o que pode fazer construtivamente pelo próximo, ensinando pela sinceridade e exemplo. Um Papa que mostrou como é essencial saber comunicar, que estava actualizado e que lia o mundo, afirmando-se como um Homem do nosso tempo. Tendo o Evangelho como pedra basilar e comum, compreender que vivê-lo verdadeiramente é “sujar as mãos” pelo próximo e viver no mundo actual, sem preconceitos ou fronteiras construídas.
Todos, todos, todos. Ninguém sabe quem será o próximo Papa, mas cada Papa, com as suas particularidades, reforça a Igreja que, como realidade humana, tem múltiplas faces e personalidades. Como católica, acredito que com a Luz do Espírito Santo, a Igreja saberá quem eleger para suceder a este Papa tão singular, como aliás o foram todos os que o antecederam. Para já, cabe a cada um de nós responder ao chamamento e dizer presente, na certeza que o “todos, todos, todos” inclui o próximo que sofre, mas também o que construiu uma vida serena; o pobre, mas também o rico; quem cura, mas também o curador; o governante e o governado. Mas não esqueçamos também que cada um de nós é chamado, no seu dia-a-dia, para construir esta Igreja viva. Que saibamos seguir e replicar o exemplo de Humanismo, proximidade, justiça, igualdade, sinceridade e agregação que o Papa Francisco nos deu, fazendo-o com alegria e amor, todos, todos, todos e por todos, todos, todos!