Barroso da Fonte

Barroso da Fonte

Trás - os - Montes cada vez mais pobre de políticos

Dois meses depois das últimas eleições legislativas tomou posse o XXIII governo constitucional. O processo da queda do governo anterior foi uma espécie de cena de malabarismo político. E se essa queda resultou de um golpe bem calculado, as  consequências evidenciaram uma pobreza franciscana que feriu a democracia. Querendo evidenciar as suas virtudes, principalmente quando se pretendem cotejar o Estado Novo com  o 25 de Abril de 1974, conclui-se que nem tudo foram rosas.

As causas da repetição do ato eleitoral, em relação à Europa, nunca foram devidamente explicadas. E os prejuízos, de toda a ordem, irão ser invocados, como desculpa esfarrapada, para muita gente, por muito tempo e em diversos setores da sociedade.

Essas fragilidades políticas internas, ocorreram entre a pandemia universal e a guerra que deflagrou entre a Ucrânia e a Rússia.

Portugal dispensava muito bem  a queda do governo. Perdeu-se muita coisa e a atualização política seria feita no tempo previsto. Mas, de entre os muitos políticos, houve mosquitos por cordas. E a intuição reverteu, mais uma vez, para a boa fé do povo que, entre Deus e o diabo, preferiu o equilíbrio.

Durante um mês havia tempo para normalizar tudo. Mas o desmazelo de uns e a tentativa de outros, com medo dos extremos, prevaleceu o aforismo: «do mal o menos».

Não há sanções para conhecer quem esteve na origem desta carrapata?

 Um mês de estagnação é muito tempo, entre duas graves crises: a Pandemia e a Guerra real, cujos consequências

Não houvesse esse malabarismo e essa decisão fácil :«do mal o menos», o PS ainda estaria no governo legitimado, os deputados cumpririam o seu mandato, evitam-se o método dos «duodécimos», o orçamento já estaria aprovado, evitavam-se encargos graúdos, evitando a repetição eleitoral no Círculo da Europa e, outros não previstos mas que serão pesados, pelo tempo, pela intervenção escusada e pelos custos reais, objetivos e logísticos.

Quem ganhou foi o partido do poder. Porque a tal intuição obteve a maioria absoluta que em democracia é boa para quem governa, mas má porque dá todo o poder ao primeiro ministro e ao partido que o apoia.

Para já António Costa vai governar mais quatro anos, a seu bel-prazer.  Ele que foi sempre levado ao colo pelo PR, vai ter o chefe de Estado a tempo inteiro por mais quatro anos. O primeiro sinal da plenitude no mando e no comando, deu-o, ao não mostrar a lista dos governantes ao PR, antes de a entregar à imprensa. Sinal claro!

Na escolha dos 17 ministros e 38 secretários de Estado para o governo empossado em 30 de Março, António Costa revelou total desprezo por Trás-os-Montes e Alto Douro. São dois distritos, onde ele perdeu para secretário do seu Partido, quando foi a eleições contra António José Seguro. Em 2015, no  distrito de Vila Real, não chamou nenhum governante. E no distrito de Bragança, fez o mesmo. Mas em 2019 corrigiu o tiro: nomeou cinco secretários de Estado. Destes cinco, prescindiu, agora, de quatro: Berta Nunes, Sobrinho Teixeira, Antero Luís e André Aragão Azevedo. Jornal do Nordeste de 29/3, noticia que os dois primeiros vão regressar a deputados. E este regresso vai desalojar  Jorge Gomes. Esses quatro representantes pela primeira vez, ganharam, por 12 votos, o distrito de Bragança, vão, desde agora, contentar-se com o lugar de Deputados.

Para que não fique empatado com Vila Real, em Bragança, manteve, com a pasta do Desenvolvimento Regional, a Secretária de Estado, Isabel Ferreira.

 Esta beneficiou do facto de manter a sede dos seus Serviços sobre «A Valorização do Interior» em Bragança. Talvez para se proteger os rigores do inverno.

Mas os Transmontanos, a começar pelos agricultores, sejam ou não socialistas, não se vão esquecer de que o primeiro ministro não gosta deles nem aprecia as suas qualidades de trabalho. E, apesar de tudo, a maior parte dos Transmontanos, até deu, pela primeira vez, em 48 anos de democracia,  a maioria de votos. Este resultado permite aqui deixar o provérbio: «quanto mais me bates mais gosto de ti».

Finalmente - e como transmontano inconfundível - deixo aqui mais um reparo: a ministra da agricultura não fez nada pela crise agro-pecuária de Trás-os-Montes e Alto Douro.  São conhecidas as más relações dessa governante com as representações  dos diversos setores.

Gostaria de ser desmentido neste mesmo espaço, e por alguém desse ministério. Mas com medidas que tenham sido tomadas e que eu desconheça. Seria bom que eu fosse desmentido. É que, embora viva no coração do Minho, continuo a comer as batatas, as couves, as cebolas, as alfaces e os  tomates da minha horta que se situa junto à nascente do Rio Rabagão que dista, sopé da Serra do Larouco.

   Barroso da Fonte


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