João Pedro Baptista
Um olhar sobre Macedo...
Macedo é o coração do Nordeste Transmontano, goza de uma centralidade única no distrito de Bragança, ao estar limitado, geograficamente, por seis concelhos. Essa centralidade pode e deve ser utilizada como uma estratégia de desenvolvimento local e regional.
Tem sido interessante analisar, nos últimos dias, os dados estatísticos que vão sendo divulgados pela PORDATA sobre a última década dos municípios transmontanos. Tenho analisado esses dados com especial atenção. O envelhecimento, a desertificação e a perda de população são uma realidade que subsiste em todos eles. O que indica, de facto, que não se trata de um problema unicamente municipal, mas também regional e, até mesmo, nacional. Já manifestei a minha opinião sobre os dados atinentes a Vila Real e, hoje, escrevo sobre Macedo de Cavaleiros. Em praticamente uma década (2010-2019), o concelho de Macedo perdeu 8,2 % da população, o que corresponde a mais de 1200 pessoas. Existem 336 idosos para cada 100 jovens. O ganho médio mensal (857 euros) é muito inferior à média nacional (1167 euros).
Ainda assim, os transmontanos têm mostrado muita resiliência e coragem. Uma vez que existem, no concelho, mais empresas e uma maior dinâmica turística. Mas isso não é suficiente para um concelho com potencial económico, cultural e social como Macedo de Cavaleiros. É verdade que estes dados são transversais a todo o território, mas acredito que Macedo de Cavaleiros ainda seja um dos poucos municípios, no distrito de Bragança, com capacidade para inverter esta situação.
Macedo é o coração do Nordeste Transmontano, goza de uma centralidade única no distrito de Bragança, ao estar limitado por seis concelhos. Essa centralidade pode e deve ser utilizada como uma estratégia de desenvolvimento local e regional. A centralidade do concelho corrobora a ideia de que fazia sentido existir uma zona industrial com uma dimensão económica à escala regional. A centralidade do concelho justifica a existência de um hospital central de referência. Fico feliz que essas sejam as vontades do atual executivo camarário e espero que isso possa acontecer num futuro breve. Também sei que as burocracias – impostas por um Estado centralizado – têm impedido não só o desenvolvimento deste concelho, mas comprometido todo o desenvolvimento do interior do país.
No fundo, todos sabemos quais são os principais desafios: captar investimento privado e fixar jovens. No entanto, estes objetivos, devido à realidade atual, parecem cada vez mais utópicos. Como se podem fixar, por exemplo, jovens num concelho que perdeu a dinâmica antiga do ensino superior? Com que argumentos se convence uma empresa a instalar-se em Macedo de Cavaleiros? Estas são as questões que devem ser refletidas por todos.
Por outro lado, a atração de mais turistas para o nosso território é possível. Neste campo, existem muitos argumentos que devem ser mais explorados. Importa, hoje mais do que nunca, apostar no turismo de natureza, longe da azáfama dos territórios do litoral. Macedo de Cavaleiros não tem unicamente o Azibo e os Caretos de Podence. A promoção turística do concelho deve incluir, cada vez mais, as aldeias e todo o património cultural e religioso que aí existe. Fico feliz por saber também que o turismo religioso tem sido uma aposta do município, ainda que não muito vistosa. Acredito que a situação pandémica que vivemos atualmente pode ser uma oportunidade para os nossos territórios, sobretudo para Macedo de Cavaleiros.
Por outro lado, para terminar, lembro que, em Macedo, existem 336 idosos para cada 100 jovens (tal como acontece noutros municípios), o que exige uma maior ação social por parte de várias entidades, nomeadamente da autarquia. Nesse sentido, o município de Macedo tem feito um trabalho notável, com ações concretas que procuram erradicar a pobreza e as desigualdades sociais. Este executivo camarário, na pessoa do presidente da câmara, goza de um humanismo único, no qual existe uma vontade de ajudar eminente. Também esse fator deve ser tido em conta para o desenvolvimento dos nossos municípios.